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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

APOCALIPSE 8 - AS QUATRO PRIMEIRAS TROMBETAS


APOCALIPSE 8 - AS QUATRO PRIMEIRAS TROMBETAS


Amigos do Portal Saber Espiritismo,

seguem anotações em torno do capítulo 8 do Apocalipse de João.

Alguns esclarecimentos introdutórios são necessários.

O texto encontra-se sob elaboração para obra que apresentará comentários detidos ao Apocalipse à luz do Espiritismo. Portanto, algumas remissões ora efetuadas dependem do conjunto do livro, embora muitos pontos possam ser compreendidos por meio de outros textos que publicamos sobre o mesmo tema e que podem ser acessados pelos links ao final.

Reputamos importante esclarecer os fundamentos de conquistas recentes no tocante à compreensão da grande revelação e sua mensagem.

Assim, devemos destacar os contributos da obra de Wallace S. Oliveira, intitulada "O Sermão Profético de Jesus – uma visão espírita do final dos tempos", que já se encontra em segunda edição reformulada e ampliada. Cuida-se de leitura obrigatória para o tema, que auxilia no entendimento de muitos pontos centrais. Cite-se como exemplo relevante para o texto abaixo os elementos que, segundo muito bem explicado pelo autor, apontam para o advento do Espiritismo. Refere-se especificamente aos simbólicos relâmpagos, vozes e trovões, que representam os fenômenos de comunicação dos espíritos. Por meio dessa preciosa chave interpretativa é possível compreender que todas as séries do Apocalipse desembocam na missão do Espiritismo sobre a terra. Com efeito, a renovação promovida no campo do conhecimento espiritual está, por meio de tais símbolos, pressuposta no sétimo selo (Ap 8:5), na sétima trombeta (Ap 11:19) e na sétima taça (Ap 16:18), cada um destes representando o último "elo", bem como o ápice da respectiva série. O mesmo se diga com relação a três séries coadjuvantes: a dos cavaleiros/cavalos (Ap 6:1), a dos "ais" (Ap 11:15, 19) e a do livro que se desdobra para o livrinho (Ap 10:3, 4). Na série dos quatro cavaleiros/cavalos, o cavalo branco indica o elemento-ápice que também ilustra o Espiritismo e sua missão. Cuida-se da única série invertida, em que o "elo" culminante aparece em primeiro lugar. O motivo dessa inversão justifica-se por questões de organização dos núcleos semânticos, que precisaram ser dispostos dessa maneira para proporcionar a correspondência das passagens na forma do espelhamento quiástico. Esse particular será explicado em outro texto. Na série dos três "ais", o último se entrelaça com a sétima trombeta e indica a atuação do Espiritismo para renovação da cultura espiritual (Ap 11:14-18). Na sequência do livro (Ap 5:1-5) que se desdobra até resultar no denominado livrinho (Ap 10:1, 8-11), percebe-se que este último foi antevisto enquanto veículo que conduziria as revelações espirituais a um outro patamar (Ap 10:7), instaurando-se um novo momento na relação entre os homens e a mediunidade incessante (Ap 10:11). Ao cabo de todas as séries do Apocalipse percebe-se a mensagem caminhando para a culminância da missão do Espiritismo no planeta. Note-se bem: não basta apenas entender que o Espiritismo é essencial para a leitura do Apocalipse; ele constitui mesmo um dos objetos centrais da revelação.






RELÂMPAGOS, VOZES E TROVÕES = FENÔMENOS QUE DERAM ORIGEM AO ESPIRITISMO


Outra grande alavanca para o avanço dos estudos do Apocalipse é a compreensão de que seu texto foi elaborado em forma de quiasmo. Cuida-se de um recurso literário pelo qual se promove uma repetição de ideias relacionadas na sequência inversa. Qual ocorre na imagem refletida no espelho, a estrutura da redação quiástica é, a partir de determinado ponto, reproduzida de forma invertida, suscitando cotejos dos quais emergem sentidos importantes. Na estrutura de um quiasmo as unidades de uma seção são repetidas em ordem inversa às da outra. Este ponto foi explicado e ilustrado em outro texto publicado aqui, no Portal Saber Espiritismo, cujo link segue ao final. Contudo, para demonstrar de forma muito direta e clara a estrutura quiástica do Apocalipse, que se espelha de uma ponta a outra, confira-se o contraponto das passagens abaixo, mantendo-se especial atenção nos trechos que se correspondem e na ordem inversa dos capítulos e versículos:







Fácil perceber, portanto, que a estrutura quiástica do texto do Apocalipse é um fato objetivamente constatável.

O entendimento desta realidade é fundamental, pois o espelhamento do texto atua como parâmetro que auxilia o leitor a identificar se está na trilha correta da interpretação. Significa dizer que o contraponto auxilia a desvendar a mensagem por detrás dos símbolos. É graças ao entendimento do espelhamento quiástico, por exemplo, que se pode refutar a visão daqueles que pretendem projetar o período de mil anos de Ap 20:4,5 para momento futuro. O contraponto com os trechos espelhados pelo quiasmo maior permite concluir em sentido diverso, mas o destrinchar deste tema fica para outra oportunidade.

A fim de suscitar o interesse do leitor e em arremate a esta rápida introdução, cabe indicar algumas descobertas que podem ser extraídas do capítulo 8 do Apocalipse. 

  1. As dicas interpretativas de Emmanuel permitem identificar a correspondência, na cronologia humana real, do período chamado em Ap 8:1 de "cerca de meia hora". Aliás, essa matéria está diretamente relacionada com o "dia" e a "hora" mencionados por Jesus no sermão profético (Mt 24:36). Há quem sustente que essa passagem deve ser lida literalmente. Ousamos discordar. Sustentamos que a passagem se refere ao dia do Senhor e à hora do julgamento, cujos parâmetros de cálculo são os mesmos necessários para desvendar a mensagem de Ap 8:1;

  1. O tempo real antevisto pela mediunidade de presciência, conforme consignado em Ap 8, está relacionado à Idade Média. O leitor poderá constatar que até mesmo autores não-espíritas chegam a essa conclusão. A identificação conduz para outro nível o fundamental cotejo entre o livro A Caminho da Luz e o Apocalipse. No texto que segue oferecemos informações para a reflexão sobre a seriedade do que Emmanuel anota a respeito da tentativa de resgate da humanidade durante o chamado período das trevas, quando a Inquisição atrasou a marcha evolutiva por mais de seiscentos anos. Como o leitor poderá constatar, em determinado período do medievo a humanidade já se encontrava sob preparação para avançar um degrau na escala do espírito, o que acabou sendo postergado e só pôde ser concretizado após o Iluminismo. Infelizmente, a traição simbólica, ainda hermeticamente mencionada sob o rótulo dispensável de apostasia, atuou mais uma vez, em repetição do padrão descrito na parábola dos lavradores infiéis;

  1. Houve aqueles que, mesmo no contexto da Idade Média, puderam vislumbrar parcela da missão cometida nas escrituras ao Espiritismo e nesse sentido oferecemos interessante leitura das visões de Joaquim de Fiori;

  1. O simbólico absinto de Ap 8:11, que conduz às águas amargas das escrituras, foi empregado para remontar o leitor a um específico procedimento cerimonial judaico empregado para testar a mulher acusada de adultério, o que se amolda perfeitamente ao julgamento simbólico da grande Prostituta do Apocalipse.

Esses são apenas alguns pontos destacados a título de "teaser". Convidamos os amigos à leitura!

Que o mestre Jesus esteja sempre presente em nossos corações!

Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2020.


Apocalipse 8


- Síntese: Embora o capítulo se inicie com a abertura do sétimo selo, este se vincula à primeira trombeta, dando origem a novo ciclo de revelações. Os eventos desencadeados pelo rompimento dos selos afetam a quarta parte da terra (Ap 6:8). No ciclo das trombetas o ângulo se amplia, agora para um terço (Ap 8:7-12, 9:15). Por sua vez, a partir de Ap 16 percebe-se que os eventos vinculados às simbólicas taças atingem toda a terra. Essa nítida progressão serve para marcar o passo da narrativa circular e, sobretudo, para indicar a ampliação da abordagem, no sentido de acrescentar mais elementos sobre o futuro antevisto. A série das trombetas amplia o ciclo anterior e ecoa os sete selos, tangenciando temas comuns, com destaque para a traição por parte dos iniciados e esclarecidos nos ensinamentos superiores. Tal como verificado no ciclo dos selos, para as trombetas também se constata a separação em blocos temáticos, de acordo com a fórmula geral 4 + 3. Segundo esta divisão, as quatro primeiras trombetas preparam o leitor para adentrar no assunto das últimas três. Tomando de empréstimo, a título de pano de fundo, o contexto das pragas do Êxodo, as trombetas ilustram advertências, pela via da mediunidade de presciência, destinadas aos reis da terra, magnatas e capitães (vide Ap 6:15), durante o período da grande tribulação. Como se verá, os destinatários desses avisos são os integrantes da besta apocalíptica e da Grande Babilônia. O conteúdo do capítulo 8 é denso e a aproximação das chaves interpretativas que facultam o Espiritismo permite o acesso a muitas mensagens. Dentre as revelações de relevo, tenha-se a necessária compreensão de que o chamado julgamento do final dos tempos espraia-se por extenso período de mil, duzentos e sessenta anos, fórmula essa fundamental para a compreensão da “cerca de meia hora” mencionada em Ap 8:1. O foco do trecho em análise é a fase intermediária desse julgamento e não por outro motivo está-se diante do ciclo intermediário, uma vez que as trombetas se situam entre os selos e as taças. Por isso, os melhores estudos sobre o tema, como a magna obra de Stefanovic, situam o contexto de Ap 8 na Idade Média. As quinta e sexta trombetas, que serão abordadas em Ap 9, apresentam detalhes dos momentos mais críticos e dolorosos do domínio religioso romano, designadamente as Cruzadas e a Inquisição, assunto que será abordado para a compreensão de Ap 8:1. Cuida-se da fase em que, na dicção da grande revelação, o céu se afasta como um livro enrolado (Ap 6:14).  O capítulo termina com o anúncio dos três “Ais”, que serão revelados pelas três últimas trombetas e que apresentam informações mais específicas sobre as aflições que sobreviriam para o âmbito religioso deturpado. No espelhamento maior do Apocalipse, correspondem-se os trechos de Ap 8 e Ap 18:11 a 19:6, cuja mensagem geral aponta para o fim da perniciosa influência dos poderes desviados sobre os assuntos do espírito.

1 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve no céu um silêncio durante cerca de meia hora...
2 Vi então os sete Anjos que estão diante de Deus: deram-lhes sete trombetas.
3 Outro Anjo veio postar-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro. Deram-lhe uma grande quantidade de incenso para que o oferecesse com as orações de todos os santos, sobre o altar de ouro que está diante do trono.
4 E, da mão do Anjo, a fumaça do incenso com as orações dos santos subiu diante de Deus.
5 O Anjo tomou depois o turíbulo, encheu-o com o fogo do altar e o atirou à terra; seguiram-se trovões, clamores, relâmpagos e um terremoto.
6 Os sete Anjos munidos com as sete trombetas se prepararam então para tocar.
7 E o primeiro tocou... Caiu então sobre a terra granizo e fogo, misturados com sangue: uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou.
8 E o segundo Anjo tocou... Algo como uma grande montanha incandescente foi lançado no mar: uma terça parte do mar se transformou em sangue,
9 pereceu um terço das criaturas que viviam no mar e um terço dos navios foi destruído.
10 E o terceiro Anjo tocou... Caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha. E caiu sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes.
11 O nome da estrela é “Absinto”. A terça parte da água se converteu em absinto, e muitos homens morreram por causa da água, que se tornou amarga.
12 E o quarto Anjo tocou... Um terço do sol, um terço da lua e um terço das estrelas foram atingidos, de modo que uma terça parte deles se ofuscou: o dia perdeu um terço de sua luz, bem como a noite.
13 Então vi e ouvi uma Águia que voava no meio do céu, gritando em alta voz: “Ai, ai, ai dos que habitam a terra, por causa dos restantes toques da trombeta dos três Anjos que estão para tocar!”

Antes de se proceder à análise da simbologia profunda do capítulo 8 é necessário considerar sua estruturação, bem como alguns de seus impactos sobre a sequência do Apocalipse. Na linha da impressionante tessitura do texto, a abertura do sétimo selo inaugura outro ciclo de previsões, agora representado pelos símbolos das sete trombetas. É preciso ter em conta que o sétimo selo não revela conteúdos exclusivos da primeira série a que pertence, uma vez que se mescla com o subsequente ciclo das trombetas. Em outras palavras, “a última visão do selo e a primeira visão da trombeta se sobrepõem e se entrelaçam como elos de uma corrente.”[1] O mesmo não se dá, todavia, no final do ciclo das trombetas, que apresenta uma ligeira variação, sem reproduzir semelhante sobreposição. Os “selos, trombetas e taças estão organizados em ciclos e se caracterizam por uma intensificação gradual”[2], que aborda ângulos diferentes.[3] O que se percebe, ao longo desses padrões, é a ampliação de enfoques. E por vezes com o emprego de recursos sonoros, de acordo com o idioma original, utilizados sobretudo para a propagação oral da mensagem, como era próprio da época.[4] A série dos selos corresponde, em conteúdo, aos eventos das sete trombetas.[5] Por sua vez, nota-se uma correspondência entre as trombetas e as taças, o que permite concluir pela existência de uma interseção temática[6] para os três ciclos (dos selos, das trombetas e das taças). Nesses pontos de contato, a mediunidade de presciência veicula informações sobre os mesmos períodos.[7] Se é fato que os ciclos dos selos, das trombetas e das taças repetem uma sequência narrativa com palavras e símbolos diversos, adicionando novos detalhes[8], por outro lado é notável perceber que por meio desse recurso promove-se um deslocamento no tempo. Há uma cronologia embutida na maravilhosa simetria e nas formas do texto, que em virtude das repetições não se desenrola de maneira linear.[9] Sobre a circularidade em torno de temas que se repetem e que abre a revelação para detalhes adicionais, tenha-se que os eventos desencadeados pelo rompimento dos quatro primeiros selos afetam a quarta parte da terra (Ap 6:8). No ciclo das trombetas o ângulo se amplia, agora para um terço (Ap 8:7-12, 9:15). A menção a um terço também em Ap 12:3 indica uma conexão com os eventos revelados através das trombetas. Por sua vez, a partir de Ap 16 percebe-se que os eventos vinculados às simbólicas taças atingem toda a terra. Essa nítida progressão serve para marcar o passo da narrativa circular e, sobretudo, para indicar a ampliação da abordagem, no sentido de acrescentar mais elementos sobre o futuro antevisto. Talvez essa progressão também signifique a ampliação do âmbito de impacto na proporção dos detalhes revelados em cada ciclo, hipótese que deixamos em aberto para a avaliação dos estudiosos.

Tal como verificado no ciclo dos selos, para as trombetas também se constata a separação em blocos temáticos, de acordo com a fórmula geral 4 + 3. Especificamente, tem-se o desdobramento 4 + 2 + intervalo + 1. Nesse passo, as quatro trombetas iniciais revelam conteúdos que mesclam consequências da grande tribulação com a queda da Grande Babilônia. Este último evento insere-se no texto em virtude do seu espelhamento no quiasmo maior com Ap 18:11 a 19:6. As quinta e sexta trombetas apresentam detalhes dos momentos mais críticos e dolorosos do domínio religioso romano, designadamente as Cruzadas e a Inquisição. São temas abordados sob Ap 9, mas que serão aqui adiantados para a devida compreensão da mensagem de Ap 8:1. Ap 10,11, à semelhança da função desempenhada por Ap 7, encarta-se à guisa de intervalo que serve como um refrigério ao destinatário das notícias espirituais, uma vez que antecipa como ocorreria a vitoriosa atuação dos planos maiores em resposta aos períodos conturbados. O intervalo também funciona para destacar a distância entre os eventos, ou seja, para demonstrar que o momento representado pela sétima trombeta ainda demandaria considerável tempo.[10] A sétima e última trombeta (Ap 11:14-19) revela o que sobreviria após o silêncio de Ap 8:1, fazendo alusão aos símbolos que representam os fenômenos que deram origem à constituição do Espiritismo – relâmpagos, vozes e trovões (Ap 11:19). As três últimas trombetas revelam os conhecidos “três Ais” do Apocalipse, que designam aflições para o âmbito religioso desviado, assunto que será retomado adiante.

Os conteúdos das trombetas são geralmente associados a pragas que sobreviriam sobre aqueles que não emendassem seu comportamento (Ap 9:21). Muitos intérpretes também veem a tradição do Êxodo como pano de fundo básico da série.[11] Será demonstrado que passagens do referido livro podem servir de inspiração para o relato das consequências que sobreviriam durante o período da grande tribulação. É preciso convir, todavia, que o contexto antevisto pela mediunidade de presciência, sob o crivo da história real, é diverso. O paralelo com as pragas do Êxodo serve mais para ilustrar as advertências aos reis da terra, magnatas e capitães (vide comentários a Ap 6:15), que seriam igualmente ignoradas pelos homens durante o período da grande tribulação. De todo modo, deve o leitor perceber a narrativa do Apocalipse qual se fosse um caleidoscópio que promove a conjugação de linhas temáticas presentes nas escrituras antigas. Evidentemente, não é tudo do que consta nos livros sagrados que se mistura de maneira desordenada. Coube ao Cristo, na condição de condutor da comunicação, selecionar os temas que lhe pareceram mais adequados para reservar mensagens superiores aos interessados do futuro. O que se constata, portanto, é uma retematização, que significa o uso de linhas temáticas antigas para a construção de novas mensagens. Nos comentários seguintes será demonstrada outra linha que serve de pano de fundo para a mensagem, que são os procedimentos no templo sob as regras do Tamid.

Tecidas essas considerações preparatórias, cabe extrair as mensagens espirituais profundas e reais, que não foram trazidas visando o deleite literário. Segundo consta em Ap 8:1, quando Jesus abriu para a mediunidade de João o conteúdo do sétimo selo, exsurgiu um simbólico intervalo, descrito como um silêncio no céu com duração aproximada de meia hora. O trecho tem sido interpretado de múltiplas perspectivas.[12] É muito importante frisar que o silêncio se verificou no céu. Cuida-se do silenciamento das inspirações superiores (Ap 11:6), notadamente em razão do obliteramento causado pelas mentes enegrecidas. Ou seja, um indicativo do período de trevas. É o período em que, na dicção da grande revelação, o céu se afasta como um livro enrolado (Ap 6:14). Mas por que ele teria durado aproximadamente (= cerca de) meia hora? Para compreensão deste ponto é preciso considerar que o Apocalipse traz referências que indicam períodos parciais. É o que se verifica no trecho em análise (Ap 8:1), bem como no período de cinco meses de Ap 9:10, aproximadamente a metade de um ano. Além desses períodos que se calculam por partes ou frações de outros, existem referenciais de tempo por unidades básicas de uma hora, um dia e um ano. Nenhum deles deve ser lido imediatamente pela lente das balizas humanas, pois aludem a períodos consideravelmente amplos. É o que se verifica, por exemplo, em Mt 24:36, que indica a hora do julgamento e o dia do Senhor. A hora do julgamento é um símbolo relacionado ao período da grande tribulação (Ap 17:12). Ou seja, é uma forma empregada para indicar o período de domínio do institucionalismo religioso romano. É nessa hora simbólica que o investimento sobre a comunidade de Roma foi mensurado, mediante a avaliação de seus frutos. O resultado dessa apuração resultou numa conclusão, especificamente a sentença de dissolução dos desvios praticados pela prostituta do Apocalipse. A psicografia do apóstolo João revela o último ato que termina o julgamento dos desvios romanos, por meio da figura da sétima taça (Ap 16:17), cujos elementos simbólicos apontam para a vinda dos ensinamentos dos espíritos e para a missão do Espiritismo sobre o planeta. Vê-se, portanto, que a hora do julgamento da besta do Apocalipse se desdobra por vários eventos. O período já conhecemos por preciosa dica de Emmanuel. Trata-se do intervalo de mil, duzentos e sessenta anos, entre os anos de 610 e 1870, que pode ser obtido pela equação de “tempo, tempos e metade de um tempo” (Ap 12:14), o que será detidamente comentado no momento oportuno. Nessa linha, uma hora simbólica (Mt 24:36) corresponde a mil, duzentos e sessenta anos da cronologia terrena. Na introdução desta obra foram avaliadas as equações alegóricas empregadas no Apocalipse para tratar do tempo. Entre elas, conforme visto, existe aquela prevista na Segunda Epístola de Pedro, que merece ser transcrita:

“Ora, os céus e a terra de agora estão reservados pela mesma Palavra ao fogo, aguardando o dia do Julgamento e da destruição dos homens ímpios.
Há, contudo, uma coisa, amados, que não deveis ignorar: É que para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia. O Senhor não tarda a cumprir a sua promessa, como pensam alguns, entendendo que há demora; o que ele está é usando de paciência convosco, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se. O Dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com estrondo, os elementos, devorados pelas chamas, se dissolverão e a terra, juntamente com as suas obras, será consumida.” (2Pe 3:7-10)

Perceba-se que 2Pe 3:7-10 faz uma aproximação entre mil anos e um dia para abordar exatamente o chamado julgamento final. Compreendidos esses referenciais de tempo, os mais sintéticos (uma hora, um dia, um ano) e os parciais (cerca de meia hora, cinco meses), tem-se em mãos parâmetros que podem ser conjugados para apurar a cronologia da realidade carnal. Retornando-se para Ap 8:1, percebe-se que o texto menciona aproximadamente meia hora, a indicar que não se trata de uma quantificação exata e que deve ser buscada por aproximação. Há uma outra mensuração parcial, especificamente o período de cinco meses de Ap 9:10, que se insere no mesmo contexto das trombetas. Como se sabe, cinco meses corresponde aproximadamente à metade de um ano. Assim, se as unidades sintéticas - uma hora, um dia, um ano – aludem a períodos maiores, pode-se fazer incidir sobre elas os períodos parciais, como meia hora ou metade de um ano, para cálculo do tempo correspondente segundo a cronologia humana. No caso da hora simbólica, resta saber se ela corresponde aos mil, duzentos e sessenta anos obtidos pela fórmula do Apocalipse de “tempo, tempos e metade de um tempo” (Ap 12:14) ou aos mil anos de 2Pe 3:7-10. Significa dizer que a tradução, para a cronologia terrena, da aproximada meia hora (Ap 8:1) ou do aproximado meio ano (Ap 9:10) deve ser testada por ambos os parâmetros. Dessa forma, calculando-se a metade de cada qual tem-se, respectivamente, seiscentos e trinta ou quinhentos anos. Então, para a tentativa de descoberta da mensagem contida em Ap 8:1 podemos testar esses períodos aproximados.

Esclarecidos os parâmetros, cumpre externar o nosso entendimento de que Ap 8:1 destaca o período mais crítico de atuação do institucionalismo religioso romano. A passagem de Ap 17:12 menciona os “reinos” ou nações que integram a Grande Babilônia e que receberão autoridade juntamente com a besta apocalíptica por uma hora apenas. O que significa esse parâmetro temporal? Entendemos que também aqui a mencionada uma hora diz respeito ao período de domínio de mil, duzentos e sessenta anos. Conforme será demonstrado adiante, igualmente sustentamos que esse é o período chamado de “pouco tempo” em Ap 20:1. Assim, pode-se compreender que Ap 8:1 pressupõe a mesma referência de uma hora e opta por manifestar sua metade aproximada porque este é o período mais significativo de intenso silenciamento dos ensinamentos e das inspirações superiores no planeta. Significa dizer que se o institucionalismo religioso romano predominou por toda a hora (correspondente aos mil, duzentos e sessenta anos), foi no interstício que durou metade da hora simbólica que as trevas se adensaram e eclipsaram as luzes provenientes do Alto. É o mesmo silêncio que antecedeu o dia do Senhor, conforme consta em Sf 1:7. Todos sabem que os períodos mais obscuros do institucionalismo religioso foram aqueles em que se verificaram as Cruzadas e a atuação da Inquisição. Pois são exatamente esses os períodos descritos pela revelação das quinta e sexta trombetas, que também correspondem aos dois primeiros Ais. Portanto, o céu que se calou durante a simbólica meia hora amolda-se aos conteúdos desdobrados pelas trombetas. Resta apurar o período específico.

Por tudo o que representa, a Inquisição é a fase mais triste da história do institucionalismo romano. Seus movimentos precursores repousam nas perseguições aos chamados hereges. Na assembleia de 4 de novembro de 1184, em Verona, apoiado por Frederico I do Sacro Império Romano-Germânico, o Papa Lúcio III anunciou medidas que objetivavam contornar o problema das opiniões discordantes. O texto “ficou conhecido entre os historiadores como a bula Ad Abolendam.”[13] Foram especificadas medidas e penas a serem aplicadas. Os bispos e suas equipes ficaram encarregados de sondar os focos de heresia que deveriam ser denunciados. Segundo alguns estudiosos, o documento de 1184 é considerado a instituição da Inquisição.[14] O orgulho hegemônico tremeu ao descobrir que novas leituras surgiam tendo por suporte as mesmas passagens da Bíblia[15] utilizadas pelo dogmatismo romano. Em 25 de março de 1199, Inocêncio III ditou a bula inquisitorial Vergentis in Senium[16], que igualou a heresia ao crime de lesa majestade.[17] Entre 1203 e 1204, Domingos de Gusmão viajou à Dinamarca para fiscalizar o comportamento dos cátaros, quando observou que grande parte da pregação tida por herética era realizada não por homens ignorantes, mas por pessoas instruídas e cultas.[18] Igualmente relevante é a participação de Pedro II de Aragão, coroado pelo papa em 1204, quando jurou defender a fé católica e perseguir a iniquidade herética.[19] Em junho de 1205, o papa concedeu a Pedro II, na condição de rei fiel, todas as terras dos hereges. Nos anos subsequentes muitos influentes seguiram o exemplo, visando a subtração de propriedades.[20] Em 1215, verificou-se o Quarto Concilio de Latrão, o maior dos medievais, convocado por Inocêncio III, que contou com a presença de centenas de arcebispos, bispos, abades, priores e outros clérigos [21], incluindo Domingos de Gusmão.[22] Trata-se de importante evento na história da Inquisição, pois dele surgiu uma série de cânones eclesiásticos que definiram as crenças e práticas aceitáveis ​​sob a ótica romana, normas que poderiam ser usadas ​​para punir hereges e outros dissidentes. Esse concílio traduziu a pretensão de controle papal sobre o mundo cristão, inclusive face a Igreja Ortodoxa Oriental, que foi advertida a “conformar-se como filhos obedientes à santa igreja romana, sua mãe” para que fosse possível a existência de um só rebanho e um só pastor, caso contrário seria golpeada com a espada da excomunhão.[23] Entre as especificações mais significativas figurava o cânon de número três, que oficialmente anatematizou a heresia.[24] Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico, em março de 1224, recrudesceu as penalidades e determinou a morte por queima. Por volta de 1224, uma resposta (rescriptum) do Papa Honório III atesta sua anuência à sentença de morte, especificamente pela fogueira.[25] Após a morte de Honório III, em 1227, o Papa Gregório IX[26], que fora advogado canônico, concluiu que as velhas medidas de Inocêncio III não estavam surtindo os efeitos desejados. Assim, por meio da bula denominada de Excommunicamus, editada em 1231, ele endossou os procedimentos de Frederico II, com destaque para a pena de morte.[27] Por isso Emmanuel afirma que “em 1231 o Tribunal da Inquisição estava consolidado com Gregório IX.”[28] Michael Thomsett considera este ano o de estabelecimento formal da inquisição papal.[29] Em 1233, o papa delegou à ordem dos Dominicanos a função de gerenciar o tribunal inquisitorial.[30] O veículo desta medida seria a bula Licet ad Capiendos, do mesmo ano, que muitos autores identificam como o início oficial da Inquisição Papal. A partir de então, a pira tornou-se a punição universal para hereges. O Papa Inocêncio IV ratificou essas regras, por meio da bula Ad Extirpanda, de 1252, quando previu a tortura como meio processual.[31] No início do séc. XIV, o inquisidor dominicano Bernard Gui escreveu influente manual de práticas inquisitoriais oficiais em face dos hereges.[32] Em 6 de julho de 1415, Jan Huss foi condenado como culpado por ter propagado as doutrinas de John Wycliffe. Despojado de suas vestes eclesiásticas, foi queimado na fogueira e, para o espanto do extenso grupo de espectadores, deixou o plano carnal serenamente.[33] Muitos outros eventos e datas relevantes poderiam ser citados a respeito do empreendimento inquisitorial e seu percurso, o que não cabe nos propósitos desta obra. Tenha-se que, segundo os estudiosos, o período da Inquisição encontrou término no ano de 1834. Centrando-se no fenômeno surgido na Europa, as ações desdobradas na Espanha tornaram-se icônicas. Quando do domínio de Napoleão na Espanha, a Inquisição foi abolida, embora sustentada pela Igreja em outras localidades com o objetivo de controlar a dissidência. Especificamente em 1813, a Inquisição foi declarada oficialmente encerrada no território espanhol. No entanto, em 1814 Fernando VII recuperou o trono e a Inquisição foi trazida de volta, para perdurar ainda por pouco tempo. Cayetano Ripoll, um professor de Valência, foi acusado de ensinar o deísmo, doutrina que admite a criação da parte de Deus, mas sem negar a realidade de um mundo completamente regido pelas leis naturais, sobre as quais não haveria intervenção divina. Ele foi o último executado sob a Inquisição Espanhola, enforcado em 26 de julho de 1826. Após esse evento, sobreveio a abolição formal da significativa Inquisição em terras espanholas, por decreto real de 15 de julho de 1834. O escritor espanhol Mariano José de Larra bem definiu a significação da data: “Aqui reside a Inquisição, filha da fé e do fanatismo. Ela morreu de velhice.”[34]

Se é fato que houve uma interseção entre os períodos das Cruzadas e da Inquisição, havendo mesmo quem sustente que esta completou os eventos daquela[35], o fato é que a perseguição sob a penalidade do fogo escreveu páginas sombrias de nossa história. Este é o ápice da decrepitude espiritual capaz de fazer o céu silenciar-se durante cerca de meia hora (Ap 8:1). Considerando-se os possíveis termos inicial e final do período da Inquisição, podem ser avaliados os anos correspondentes de acordo com a cronologia humana, para fins de apurar a adequação ao símbolo de Ap 8:1. Dessa maneira, tendo-se por término da Inquisição a data de 1834, pode-se chegar aos períodos de (i) 650 anos (1834 – 1184); (ii) 635 anos (1834 – 1199); (iii) 630 anos (1834 – 1204); (iv) 619 anos (1834 – 1215); (v) 603 anos (1834 – 1231); (vi) 601 anos (1834 – 1233). Por meio desses singelos cálculos pode-se compreender o motivo pelo qual afirma Emmanuel que a Inquisição atrasou a marcha evolutiva da humanidade por mais de seis séculos.[36] Voltando-se ao texto de Ap 8:1, pode-se compreender que o parâmetro basilar de cálculo de uma hora é o interregno clássico para o Apocalipse de mil, duzentos e sessenta anos, cuja metade é seiscentos e trinta, de modo que a “cerca de meia hora” é um período bem próximo deste último.

Os movimentos intelectuais que circundaram a virada entre os séculos XII e XIII bem demonstram o surgimento de focos iluminados que desde então já desafiavam o dogmatismo católico. No livro A Caminho da Luz, Emmanuel, com notável conhecimento de causa, informa que a partir do século X muitos auxiliares reencarnaram na tentativa de trazer novas luzes também para a seara religiosa e neste particular o autor espiritual cita o importante mosteiro de Cluny.[37] Situada na antiga região francesa da Borgonha, hoje sob a área de Bourgogne-Franche-Comté, a Abadia de Cluny notabilizou-se por sustentar, no mencionado período, um movimento para a renovação de alguns desvios religiosos. Pela condução dos monges de Cluny, a exemplo do próprio Papa Gregório VII[38], viu-se seguir movimentos populares como a “Paz de Deus” e a “Trégua de Deus”, quando decretos foram emitidos entre os anos de 975 e 1040 com o objetivo de arrefecer conflitos.[39] Nos anos posteriores pôde-se perceber a expansão do intercâmbio, do comércio, da vida urbana, alguma estabilização política, traduções de obras filosóficas e científicas do árabe e do grego, bem como o crescimento da arte.[40] “Os temas dos movimentos de renovação dos séculos 11 e 12 que prosseguiram nos séculos seguintes (...) incluíram a imitação de Jesus Cristo, a vida apostólica e o ideal da Igreja primitiva.”[41] A caridade era bem considerada no centro de Cluny, onde todos os dias compareciam pobres e viajantes, que se sentavam à mesa com os monges. Segundo registros, idosos eram sustentados pelo convento e lá tinham os pés lavados diariamente.[42] Os eventos que ensaiavam a máquina da Inquisição preocuparam os orientadores do Mais Alto, de tal modo que foram enviados espíritos da estirpe de Francisco de Assis (1181 – 1226)[43], cuja personalidade dispensa apresentações. Entre esses missionários cabe mencionar, em razão de sua relevância para o Espiritismo e para o Apocalipse, Joaquim de Fiore (1135 – 1202).[44] Este abade da Calábria teve sua vida marcada por fenômenos mediúnicos, entre curas e visões de presciência. Nas palavras de Dante Alighieri, foi dotado de espírito profético.[45] Permaneceu por algum tempo em Jerusalém e, após seu retorno, especificamente no ano de 1184, foi tomado por visões que lhe ajudaram a interpretar o Apocalipse de João, o que resultou na obra Expositio in Apocalypsim. Seus ensinamentos influenciaram estudiosos do tema como Cristóvão Colombo e foram bem assimilados por um setor dos franciscanos.[46] O médium medieval sustentou que o Apocalipse apresenta chaves que permitem identificar padrões que de fato se concretizariam na linha da história mundial.[47] Fiore reconheceu que inúmeras passagens dos Evangelhos tinham cunho apocalíptico, o que significa dizer, em linguagem atual, que versavam sobre mediunidade de presciência. Também explorou a relação entre o Antigo e o Novo Testamento para a compreensão das previsões, cujo estudo minucioso permitiria visualizar o curso da história da Igreja. Ele ilustrou essa relação por duas árvores paralelas, uma associada ao Antigo Testamento e outra associada à árvore do Novo Testamento.[48] Conforme demonstraremos é possível também estabelecer ao lado das duas uma terceira árvore, representativa da era do resgate dos ensinamentos de Jesus, que é o período de atuação do Espiritismo. Aliás, essa evolução é corroborada por outra imagem trazida por Joaquim de Fiore, relativamente à história da ação divina sobre os homens desenvolvida ao longo de três etapas, em analogia com a concepção triádica – hoje ultrapassada – do pai, do filho e do espírito santo. A mediunidade de Joaquim sondou desafios para o futuro, mas ao cabo da evolução adviria o triunfo espiritual.[49] A própria revelação divina se desdobraria ao longo dessas três etapas da humanidade, segundo a inspiração do Abade, o que se apresentava deveras avançado para o pensamento medieval, que não conhecia os mecanismos das contínuas revelações por via da mediunidade. Fiore, portanto, surpreendeu o mundo cristão por meio de uma visão otimista que apontava um progresso espiritual que seria construído no curso da história.[50] Pensamentos como o de Agostinho indicavam um pessimismo quanto à história terrestre, vez que aferrados à concepção do pecado original. Este seria uma sina eterna da humanidade e eventos que indicassem uma superação da inclinação inferior e fatalista seriam apenas melhoras ilusórias. O espírito de São Luís, ao responder sobre a possibilidade de implantar-se o reinado do bem na Terra, comenta que a ideia do pecado original foi construída em torno das imperfeições dos homens, mas o planeta atingiria, um dia, o estágio de amadurecimento moral (O Livro dos Espíritos, item 1019). Para o pensamento de Fiore, a história avança em direção a um futuro melhor, apesar dos revezes ao nosso redor, em que pesem os problemas e crises próprios de cada tempo. Na terceira e última fase da humanidade, a era do espírito, ter-se-á a vitória da justiça e do bem, um momento de entendimento completo, final e coletivo das escrituras. Retornando-se à divisão trinária da história, Fiore pôde entender a união das facetas do Criador, que um dia todos entenderão, pela sucessão das eras do pai, do filho e do espírito santo.[51] Na primeira, predominou a imagem da punição e os homens caminharam como crianças, ainda incipientes no contato com as realidades do espírito. A segunda era iniciou-se sobre as bases do Novo Testamento, para o desenvolvimento de uma relação filial com Deus e se encontrava em curso nos dias da experiência carnal de Fiore. A terceira era chegaria no final dos tempos, destrancando o entendimento do espírito por detrás do véu da letra, trazendo uma libertação de consciências sem precedentes. Com o passar dos anos adviria o progresso, pelo qual todos poderiam discernir melhor sobre as mensagens espirituais.  Na terceira etapa da humanidade não haveria uma superação do Evangelho de Jesus, mas o acréscimo de novas compreensões, assim como sobre o Antigo Testamento. Para Joaquim de Fiore, na terceira fase – a do espírito - verificar-se-ia o auge do amor filial e altruísta, em contraponto ao passado religioso marcado pela obediência servil, pelo medo e pela cerimônia.[52] A previsão é a de que nessa fase futura, o novo reino do espírito, os ensinamentos de Jesus seriam efetivamente internalizados e cumpridos, quando a própria Igreja seria aperfeiçoada.[53] Dessa forma, Fiore convida para uma mudança de enfoque, que deposita esperança num futuro que ainda não foi alcançado, apesar do desprezo pretérito, da parte da humanidade, face aos ensinamentos de Jesus. A mediunidade do abade pôde mesmo captar as limitações inerentes à política secular. Fiore manifestou que os caminhos do império terrestre não apresentam papel fundamental na obra divina. Ele comparou muitos governantes cristãos às exteriorizações do anticristo. Conforme consta na obra coordenada por Matthias Riedl:

“Para Joaquim, a Igreja do segundo status não era para ser uma entidade política, um poder que colaborava ou contestava as ações dos governantes do mundo. Deus pretendia que fosse a serva sofredora - uma testemunha de sua transformação vindoura na era do Espírito.”[54]

Em sintonia com a lição do Mestre contida em Mt 22:21, Joaquim não atribuiu uma função positiva ao império cristão. Ao contrário, enfatizou que os imperadores cristãos frequentemente eram perseguidores dos adeptos do crucificado e, portanto, serviam como os chefes do anticristo, conforme previsto nos símbolos no Apocalipse.[55] Ele suspeitava de qualquer esforço violento para inauguração da terceira era e repelia preocupações como a revivescência do direito canônico, a correção das finanças eclesiásticas ou a reforma da administração da Igreja. Identificou, por outro lado, o arquétipo ou modelo ideal de comunidade cristã no futuro, com a mudança dos erros pretéritos.[56] Essa visão crítica, já presente desde a Idade Média, fez com que muitos franciscanos seguidores de Joaquim de Fiore adotassem o entendimento de que os atos da Inquisição consistiam em heresias, o que fazia do papado a encarnação do anticristo. De sorte que os servidores dos lobos do interesse institucional estariam cometendo grande erro.[57]

O leitor atento já deve ter percebido que as visões de Fiore no longínquo século XII apresentam interessante aproximação com a missão do Espiritismo, ponto central para o entendimento do Apocalipse de João. Sugere-se a comparação da visão da jornada espiritual pelas três referidas fases com o que foi comentado a respeito do Livro dos Jubileus, sob Ap 1:10. As informações aduzidas por meio de Fiori podem ser melhor entendidas na atualidade pela linha do amadurecimento espiritual que situa uma primeira fase com o paradigma que girou em torno da lei mosaica, uma segunda fase em torno dos ensinamentos de Jesus e uma terceira etapa com o advento do Espiritismo (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap I). O alemão Lessing, debruçando-se sobre as obras de Joaquim de Fiore, entendeu a ação da razão ao longo do tempo. Distinguiu, assim, três períodos: o tempo do Antigo Testamento, centralizado na concepção da ira divina, o tempo do Novo Testamento, onde o Cristo surge como o maior mestre da alma  e o tempo vindouro da educação perfeita, quando os humanos dispensariam as ideias de recompensa ou punição futura, pois andariam retamente por fidelidade ao que é certo fazer.[58]



Esquema gráfico elaborado por Joaquim de Fiori na obra Liber Figurarum[59] para representar a evolução espiritual segundo as eras do pai, do filho e do espírito. Conforme visto, entendemos que a era do espírito corresponde ao advento do Espiritismo.

Bem vistas as coisas, os gérmens para amadurecimento espiritual já se encontravam à disposição por via de investimentos dessa natureza. Muitos até pensaram que havia chegado o momento para a reforma da Igreja, que deveria ater-se “a questões puramente espirituais.”[60]  Todavia, como Emmanuel anota na obra A Caminho da Luz, todas as exortações superiores foram recusadas. Tal como indicado no padrão da parábola dos lavradores maus (Mt 21:33-46, Mc 12-1-12, Lc 20:9-19), os investimentos espirituais foram sufocados pela agressividade inquisitorial por mais de seiscentos anos, de sorte que a revivescência efetiva do cristianismo só se fez possível após a dedicada sistematização por parte de Allan Kardec.

As considerações até aqui tecidas sobre o intervalo de cerca de meia hora estão centradas no sintético texto de Ap 8:1. Seu significado profundo acaba por antecipar os conteúdos mais salientes das chamadas pragas das sete trombetas, cujas descrições se iniciam a partir de Ap 8:6. Entre esses pontos medeia o texto de Ap 8: 3 a 5, que corresponde ao conteúdo propriamente dito do sétimo selo, revelado pela sua abertura. Lembre-se que existe uma junção formal ou literária, segundo o texto do Apocalipse, entre a abertura do sétimo selo e a eclosão de outro ciclo de revelações, sob os signos das trombetas, que se unem como elos de uma corrente. Isso não significa, por outro lado, que o sétimo selo seja desprovido de conteúdo próprio, ou que figure apenas como porta de passagem para as revelações das trombetas. Ele apresenta uma mensagem específica, que está descrita em Ap 8:3 a 5.

Para o entendimento do sétimo selo é preciso considerar que o texto, mais uma vez, recorre a alguns procedimentos do templo empregados como fio da mensagem. Especificamente, a cena introdutória tem por pano de fundo o Tamid, serviço especial no templo hebraico. A palavra é uma forma abreviada de olat tamid (oferta diária queimada) e refere-se aos sacrifícios diários, conforme consta em algumas passagens (Ex 29: 38–42, Nm 28:1-8, 2Rs 16:15, Ez 46:13–15, Ne 10:34 e 2Cr 13:11). Antes de se proceder à análise dos símbolos relacionados, deve-se frisar novamente que o Espiritismo não valoriza externalidades religiosas. Em verdade, tampouco os espíritos superiores que se empenham a traduzir ensinamentos profundos em meio aos apegos humanos. A tarefa de evolução espiritual depende mesmo da superação de ritos e convenções da religiosidade terrena. Por isso, é preciso maturidade na leitura de textos como o do Apocalipse para não se recair na conduta de cultivo aos hermetismos. Eles estão entre os fatores responsáveis pelo ocultamento da mensagem do Cristo. Veja-se que o texto de Ap 8:3-5 já se encarregou de simplificar a tarefa para o leitor, quando se leva em conta que efetuou a seleção de apenas alguns aspectos dos intrincados procedimentos judaicos. Foram eleitos para transmitir a mensagem, assim, os seguintes elementos: (i) as trombetas, (ii) o altar de ouro, (iii) o turíbulo ou incensário de ouro, (iv) o incenso, sua fumaça e as orações, (v) a brasa retirada do altar e jogada à terra, (vi) a sonoridade produzida no final do procedimento, que será explicada adiante. O tratado de regras denominado de Tamid, conforme consta na Mishnah e no Talmud, é constituído de sete capítulos que podem ser resumidos pelos seguintes assuntos: (i) as vigílias noturnas e os preparativos para o sacrifício da manhã, com destaque para a limpeza das cinzas das ofertas do dia anterior no altar; (ii) a providência de um novo fogo sobre o altar; (iii) a escolha dos sacerdotes que executariam as tarefas de sacrifício; (iv) os detalhes para o abatimento do cordeiro, com vistas ao sacrifício; (v) a manifestação das bênçãos e da recitação do Shemá; (vi) a oferta de incenso; (vii) a entrada do sumo sacerdote, sua prostração e os cerimoniais para a bênção sacerdotal, com a participação dele próprio nos serviços dos sacrifícios. O tratado é concluído com a frase “esta é a ordem do Tamid”, a indicar a sequência do procedimento cerimonial.[61] Conforme dito, vamos nos ater aos elementos selecionados pelo próprio texto de Ap 8:3-5 com a finalidade de extrair-lhes as lições morais.

No conjunto, o trecho em estudo recorre a aspectos do templo com o mesmo objetivo de Ap 4:4-11 e 5:6-13, que é o de simbolizar a aproximação do grande juízo e o estabelecimento do reino de Deus. Pelo ângulo da mediunidade de presciência e considerando-se os temas centrais do Apocalipse, percebe-se um cadenciamento que anuncia a segunda vinda de Jesus, que tem por marco relevante o advento do Espiritismo. O Tamid era um procedimento que representava a oferta contínua, levada ao altar todas as manhãs e tardes (Nm 28: 1-8). A impossibilidade de sua interrupção era uma preocupação tão presente que a destruição do templo por Tito foi encarada como uma verdadeira tragédia para o povo judeu.[62] As ofertas, que não podiam cessar, partiam dos homens para Deus. De se notar, entretanto, que as imagens empregadas pelo Apocalipse (Ap 4:1 e ss.) dizem respeito a um templo que surge no céu, nas esferas sublimes. É preciso, então, de acordo com a simbologia do texto, avaliar a oferta contínua do Tamid pelo sentido inverso, ou seja, de Deus para os homens. O que convida para o enfoque do investimento divino que nunca cessa, tal como ilustrado por Jesus na parábola dos lavradores infiéis (Mt 21:33-46, Mc 12-1-12, Lc 20:9-19). Apenas pela consideração desse detalhe já se faz possível compreender o sentido da parte final do sétimo selo, que menciona o fogo do altar atirado à terra. Na tessitura do Apocalipse figuram em paralelo a realidade do amparo divino contínuo sobre a vida das criaturas com a imagem do livro eterno de Ap 5:1, que se desdobra, mediante a abertura dos selos e resulta no livrinho de Ap 10:2, 8. A mensagem profunda, aqui, é a do contínuo intercâmbio espiritual entre as esferas do cosmos, entre as mais altas e as mais inferiores. Não por outro motivo, no contexto do livrinho que guarda revelações é dito a João sobre a necessidade de contínuas comunicações destinadas aos homens (Ap 10:11). O pressuposto do liame contínuo entre Deus e os seres da criação contribui também para o entendimento da dimensão do evento retratado pelo último selo (Ap 8:3-5), o Shemittah cósmico – o grande sábado da humanidade - “o tempo em que os santos” entrariam “na posse do reino” (Dn 7:22), que logo será considerado.

Iniciemos o estudo dos elementos pontuais pela figura do altar de ouro, que está diante do trono (Ap 8:3). Conforme vimos, o trono, desde a sua manifestação inicial, simboliza a presença de Deus (Ap 4:2). O céu é “o trono de Deus” (Mt 5:34). O altar de ouro, por sua vez, é aquele mencionado em Ap 9:13, que possuía quatro chifres. Trata-se do altar do incenso ou dos perfumes (e.g., Ex 30:1-10), móvel semelhante a coluna, quadrado, com aproximadamente cinquenta centímetros de largura e um metro de altura. No seu topo, especificamente no quadrado voltado para o teto, onde se situava a lareira ou o local destinado à queima do incenso, a estrutura se alongava em quatro chifres, um derivado de cada vértice (Ez 43:15).[63] Em 2019, foram encontrados em Shiloh, Israel, onde um dia permaneceu o tabernáculo e a Arca da Aliança, três chifres de pedra indicativos da estrutura do altar em análise.

Um dos chifres de pedra encontrados em Shiloh, Israel, que teriam integrado o altar.[64]

Esses chifres estão diretamente conectados com aqueles mencionados em Ap 5:6, o que permite, por conseguinte, comparar o altar com a pessoa de Jesus. Dessa forma, a imagem do altar de ouro diante do trono (Ap 8:3) remete para a atuação de Jesus ao lado de Deus.

Um espírito elevado (anjo) postou-se diante de Jesus (o altar) tendo em mãos um turíbulo ou incensário de ouro, “que servia para transportar as brasas acesas do altar dos holocaustos para o altar dos perfumes”.[65] Ele era especialmente usado no Dia da Expiação.[66] No culto diário, os sacerdotes usavam incensários de prata.[67] O que demonstra que a passagem transcende o simples ritual do Tamid. A fusão dos procedimentos do Tamid e do Kippur (Expiação) faz recordar a confluência descrita em Nm 28:9,10, no que concerne à união dos holocaustos de todos os sábados, numa corrente contínua. As variadas dimensões do sábado, em seu sentido espiritual, foram analisadas linhas atrás. Entendemos que Ap 8:3-5 quer transmitir esse recado de continuidade, a conexão entre os sacrifícios simbólicos, na jornada humana a caminho da luz, que um dia alcançaria um ápice. A culminância de subido valor é representada pelo espraiamento do fogo do altar (Jesus) sobre a terra (âmbito da religiosidade), conforme consta em Ap 8:5, que simboliza a purificação do entendimento para a renovação dos seres. O Talmude da Babilônia oferece a interpretação de que o incenso expiava o falso testemunho ou a difamação, no sentido da declaração inverídica prejudicial à reputação.[68] O que se tem, pois, é a mensagem da renovação dos assuntos do espírito em todo o mundo, com o afastamento dos desvios inseridos pelos interesses inferiores. Em Lv 16:12,13, lê-se o procedimento de retirar as brasas ardentes do altar com dois punhados de incenso aromático, adentrando-se no Santo dos Santos. Assim, uma nuvem da fumaça de incenso deveria ser providenciada para recobrir o propiciatório, que é a tampa de ouro estabelecida sobre a Arca da Aliança. Note-se que tradicionalmente o espaço entre os querubins insculpidos no propiciatório (Ex 25:18) era tido como local de manifestação de Deus – Shekhinah[69] (Ex 25:22, Lv 16:2, Nm 7:89). Ocorre que em Ap 8:4 as preces dos espíritos elevados intercedem perante Deus, no plano do templo celestial. Segundo informa Champlin:

“A intercessão dos anjos, em favor dos homens, embora sofra forte objeção por parte dos grupos protestantes, porque parece ser a tolerância à doutrina católico-romana da existência de muitos ‘mediadores’, na realidade é uma antiga doutrina judaica.”[70]

A frase “subiu, diante de Deus, a fumaça do incenso junto com as orações dos santos” é uma metáfora da aceitação das orações por Deus.[71] A resposta divina às rogativas é o lançamento da brasa do altar sobre o plano da terra (Ap 8:5). O resultado dessa ação é expresso pelos símbolos das manifestações mediúnicas que deram origem às bases do Espiritismo – trovões, clamores e relâmpagos (Ap 8:5). A série dos selos desemboca, como todas as outras, em símbolos que indicam o dia do Senhor, que tem por marco inicial a chegada do Espiritismo. Por isso, o conteúdo do sétimo selo pode ser associado ao Shemittah e ao Kippur cósmicos, que já foram explicados linhas atrás.

Cabe visualizar a cena de Ap 8:3-5 a título de uma bênção sobre todo o planeta, em resposta de Deus às orações dos oprimidos.[72] Com essa dimensão, o terremoto de Ap 8:5 suscita o sentido de julgamento final, que foi igualmente elucidado à luz do Espiritismo. O ponto está diretamente vinculado à atuação do fogo simbólico (Lc 12:49). Stefanovic entende que à luz do contexto do Antigo Testamento, o lançamento de brasas de fogo sobre a terra simboliza a ação do julgamento.[73] Consta em 1Enoque 47 que no final dos tempos a oração dos justos ascenderia a Deus e seria atendida para a consumação da justiça.[74] Quando o trono surge em Ap 4:3 manifesta a cor do fogo, indicada pela pedra de jaspe e cornalina. No sétimo selo o fogo desce do trono para a terra (Rm 1:18) por via das brasas. A imagem transporta ao contexto do ritual, em que o sacerdote lançava brasas sobre o piso entre o pórtico do templo e o altar do incenso.[75] O livro de Ezequiel desenvolve a imagem de brasas espalhadas sobre a cidade, atuando o juízo sobre Jerusalém (Ez 10:2), com o propósito de levar as impurezas (Ez 24:11). O manuseio das brasas é um ponto de contato que permite o paralelo entre os procedimentos do Tamid, do Dia da Expiação (Kippur) e os atos descritos em Ez 9, 10:1-5 e Ap 8:3-5. De acordo com o Tamid, as brasas eram manuseadas com uma pá, que posteriormente era lançada entre o pórtico e o altar, produzindo um som tão alto que ninguém podia ouvir qualquer voz senão o seu ruído. O som da pá, segundo o relato antigo, podia ser ouvido até em Jericó, a vinte e quatro quilômetros de Jerusalém.[76] A referida pá é por vezes associada ao instrumento denominado de magrefah[77], este constituído de canos e orifícios, que podiam emitir vários tons diferentes.[78] Consta no Tamid que o estrondo da pá indicava aos sacerdotes que seus pares haviam entrado no templo para se prostrar ou louvar. Ao mesmo tempo, indicava aos servidores do exterior que os impuros deveriam aguardar no portão oriental.[79] É verdade que outros setores do Tamid também trabalham com uma difusão simbólica das manifestações durante os cultos. Assim é que de Jericó podiam ser ouvidos não apenas o som da pá, mas dos dispositivos de madeira, o som da flauta, o barulho do prato, os cantos, o som do shofar e mesmo a voz do sumo sacerdote, quando ele pronunciava o Dia da Expiação. Até o cheiro da composição do incenso utilizado poderia ser sentido de Jericó.[80] Mas o que releva, no caso, é a sonoridade advinda do impacto da pá, que Doukhan entende ser muito próximo às manifestações dos trovões, vozes e relâmpagos de Ap. 8:5.[81] No livro de Ezequiel, por sua vez, no paralelo que traçamos com o trecho, menciona-se o ruído das asas dos querubins, que podia ser ouvido até o átrio exterior, como a voz de Deus (El Shaddai) quando fala (Ez 10:5). Outro interessante ponto de conexão com o trecho de Ezequiel é o anjo vestido de linho (Ez 9:2) que queima o incenso diante de Deus. Doukhan sustenta que ele representa Yeshua (Jesus), a interceder perante o Criador.[82] Neste particular, tem-se o altar de ouro como correlato no Apocalipse (8:3). Ap 19:6 equipara o fragor de águas torrenciais com o ribombar de fortes trovões, o que também apresenta significação para o contexto, o que será comentado oportunamente. A passagem de Ezequiel, especificamente 10:5, ao comparar o ruído com a voz de Deus traz à tona a orientação para a adequada leitura de todos os citados elementos que indicam sonoridade alcançando grande extensão. Esses símbolos convergem no sentido da manifestação espiritual. No plano dos fatos concretos, efetivaram-se por meio dos fenômenos que serviram de base para a constituição do Espiritismo. A mensagem é a mesma veiculada pelo relâmpago referido em Mt 24:27, que sai do Oriente e se mostra até o Ocidente, que “surge de repente no céu, durante um curto espaço de tempo, trazendo uma grande luz ou forte clarão e ao som de trovões”[83], produzindo o estrondo mencionado em 2Pe 3:10, que marca a vinda do dia do Senhor e o retorno simbólico de Jesus. São símbolos da manifestação de Deus (Shekhinah), tal como se verificou no Monte Sinai com fogo, trovão, raio e terremoto (Ex 19:16-19).[84] Enfocado dessa maneira, o som do impacto da pá, que abafava as vozes de todos os companheiros, pode ser lido como a sobreposição dos ensinamentos dos espíritos em face das confusões estabelecidas pelo dedo humano na seara da religiosidade. É essa a mensagem sintética do sétimo selo: de forma difusa, como a fumaça do incenso, a presença divina toma a dimensão da oração de todos os santos (Ap 5:8, 8) e ecoam, em resposta, os trovões e relâmpagos, símbolos das manifestações espirituais. A humanidade, então, abre-se para a presença de Deus – Shekhinah - por intermédio da comunicação dos espíritos superiores.

Ap 8:2 traz a imagem dos sete anjos diante de Deus, que portavam sete trombetas. Esta cena introduz o novo ciclo que amplia o anterior (o relativo aos selos). As trombetas ou chofares ecoam os sete selos e cobrem os mesmos assuntos, com destaque para a traição por parte dos iniciados e esclarecidos nos ensinamentos superiores.

Cabe refletir, antes de se adentrar no estudo dos versículos, sobre os sentidos gerais por detrás das trombetas. Nessa altura já se faz possível compreender que no Apocalipse existem símbolos intencionalmente usados para transmitir um ou mais significados profundos. O médium João foi o responsável pelo maior monumento mediúnico em termos de convergência. A grande revelação que ele trouxe a lume veicula impressionante interseção de mensagens espirituais relevantes trazidas à humanidade, que se amoldam a visões de presciência sobre eventos diretos e indiretos relacionados aos seus temas centrais.

No caso das trombetas, elas podem indicar (i) a própria mediunidade em ação (Ap 1:10, 4:1, Zc 9:14), (ii) significados inspirados nas liturgias do templo, mas com projeção para toda a humanidade (Lv 25:9, Nm 10:10, Jl 2:1), (iii) um simbólico confronto entre as forças superiores e as inferiores (Nm 10:9, Jz 3:27, 6:34, Jr 51:27, Js 6:5, Sf 1:16), (iv) o chamado para reunir o povo de Deus (Nm 10:2, 1Sm 13:3-4, Ne 4:20, Jl 2:15-16, Mt 24:31), (v) a consagração de um rei para Israel (2Sm 15:10, 1Rs 1:34,39, 2Rs 9:13, 11:14), (vi) advertências para consequências indesejadas que poderiam advir (Jr 4:5, 19-21, 6:1-17, Ez 33:3-6, Am 3:6), (vii) o chamado para que Deus se lembrasse de seu povo, (viii) a libertação face à cruel perseguição dos inimigos, (ix) a segunda vinda de Jesus (Is 27:13, Mt 24:31, 1Co 15:51-53, 1Ts 4:16,17), (x) a indicação do dia do Senhor (Is 27:13, Jl 2:1, Sf 1:16, Zc 9:14), (xi) o ressurgimento dos espíritos íntegros (1Co 15:51-53), (xi) a manifestação divina por intermédio de Jesus (Ap 1:10, 4:1).[85] O som de trombeta fez-se presente num dos mais importantes eventos da história de Israel, que foi a revelação recebida por Moisés no monte Sinai:

“Ao amanhecer, desde cedo, houve trovões, relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre a montanha, e um clangor muito forte de trombeta” (Ex 19:16. Vide, ainda, Ex 20:18).

André Luiz associa a trombeta à mediunidade de premonição.[86] Humberto de Campos faz um paralelo com a palavra que procede do céu.[87] Emmanuel refere-se à trombeta personificada no discípulo do Evangelho, do qual se deve esperar avisos seguros.[88] Este último apontamento, por parte do mentor espiritual de Chico Xavier, foi tecido em comentário ao seguinte versículo:

“E, se a trombeta emitir um som confuso, quem se preparará para a guerra?” (1 Co 14:8)

A palavra grega traduzida para trombeta consiste, por sua vez, na tradução que a Septuaginta usa para a palavra hebraica shofar. O chifre do carneiro era usado em ocasiões solenes, anunciando a vitória ou a festa das expiações (Lv 25:9), proclamando o dia do julgamento do Senhor.[89] Como vimos até aqui, o chofar surgiu no texto com grande significação em Ap 1:10 e 4:1. A partir de Ap 8, os chofares vão marcar o passo de fases importantes, até o destaque da última, a mais relevante. Lembre-se do padrão da série em 4 + 2 + intervalo + 1, do qual desponta o último elemento do ciclo, que representa o ápice da exposição. Foi demonstrado, quanto ao ciclo anterior, que o último selo desemboca no dia do Senhor, contexto em que se destaca o papel do Espiritismo. O mesmo padrão é obtido com a sétima e última trombeta. A ótica postulada nessa obra é a de que nem mesmo os homens daquela época conseguiram captar na integralidade a essência geral das mensagens profundas que receberam, as quais somente poderiam ser acessadas quando chegassem outros aportes de revelação (e.g., Ap  10:7,10). Dessa forma, é possível caminhar um pouco além do que suscitou Paulo em 1Co 15:51-53, desvelando-se a mensagem com sentidos e palavras atuais. Conhecendo-se as leis reais é possível compreender que a simbólica trombeta final representa a vinda dos espíritos para levar a cabo um novo período de transformação da humanidade. Todos os sentidos gerais relacionados às trombetas, alinhados acima, conjugam-se sinteticamente na vinda do Espiritismo e sua função renovadora.

Comentou-se, acima, que o texto promove uma sobreposição entre a abertura do sétimo selo e o início do ciclo das trombetas. Por isso, a série é inaugurada no embalo da simbologia do templo. Sendo assim, cumpre compreender que no sistema do culto hebraico o fim do sacrifício diário era anunciado pelo toque de trombetas. No momento em que o sacerdote saía para a bênção geral, sete trombetas eram tocadas, marcando o fim da cerimônia.[90] Explica Doukhan que a associação entre chofares e orações ocorria no contexto da Festa das Trombetas. Nesse período, ao longo de dez dias o chofar era usado para preparar os judeus para o Dia da Expiação. Em síntese, os chofares proclamam o julgamento próximo.[91] Assim como a Festa dos Chofares precedia o grande dia do julgamento, na perspectiva da mediunidade de presciência os chamados da trombeta alertam para um julgamento de proporção global, situado no chamado final dos tempos. As advertências mediúnicas explicam o som do chofar que concita Israel ao arrependimento (Jl 2:12-17).

De volta a Ap 8:2, compreende-se que os sete anjos se preparam para tocar as sete trombetas e figuram a título de agentes divinos que não apenas anunciam, mas executam pragas simbólicas.  Essa imagem segue a tradição bíblica segundo a qual os anjos foram designados por Deus para executar os juízos (Ex 12:23, Sl 78:49,50).[92] Koester sugere que os anjos das trombetas podem ser os mesmos que derramam as taças e que, na sequência, mostram a João a Grande Babilônia e a Nova Jerusalém (Ap 15:1,5, 16:1, 17:1, 21:9).[93] Nos Manuscritos do Mar Morto, designadamente no Pergaminho de Guerra de Qumran, há uma interessante passagem que permite compreender a associação entre as trombetas e as tribulações sob os simbólicos ventos e cavalos. Ali são mencionadas trombetas que seriam usadas na batalha final contra o mal, nas quais estariam grafados os seguintes dizeres: “as grandes ações de Deus para espalhar o inimigo e forçar a fuga de todos os que odeiam a justiça”.[94]  A abertura do quinto selo trouxe à tona a previsão dos que seriam sacrificados e perseguidos pela fidelidade aos ensinamentos superiores (Ap 6:9). Os sete chofares anunciam, em resposta, as consequências simbólicas que recairiam sobre aqueles que “habitam a terra”. (Ap 8:13). Neste particular, despontam os desvios do institucionalismo romano. Foi dito que os conteúdos das trombetas respondem aos clamores de justiça e libertação consignados no quinto selo (Ap 6:10). Tema diretamente relacionado a este é o anúncio dos três Ais que seriam enviados à terra. A pergunta certa a se fazer, neste ponto, é o sentido real de cada um dos referidos lamentos, bem como quais seriam os seus destinatários. Quanto a esta última questão, Ap 8:13 traz a dica de que os “ais” viriam para aqueles que habitam sobre a terra. Mas o que exatamente isso quer dizer? Diria respeito a todos os espíritos situados no planeta? O contexto leva à resposta negativa, uma vez que os conteúdos das trombetas chegariam para os iníquos, ou seja, somente para aqueles que “não tivessem o selo de Deus sobre a fronte.” (Ap 9:4). Vale perceber que a expressão “habitantes da terra” também está presente em Ap 6:10, trecho que contém as rogativas, posteriormente respondidas em Ap 8. O enfoque é o mesmo do já comentado centro quiástico de Ap 6:15 e outra pista nesse sentido consta em Provérbios 23:29,30:

“Para quem os ais? Para quem os lamentos? Para quem as disputas? Para quem as queixas? Para quem os golpes sem motivo? Para quem os olhos turvados? Para aqueles que entardecem sobre o vinho e vão à procura de bebidas misturadas.”

Os iníquos, portanto, são os que experimentariam os julgamentos de Deus consubstanciados nas sete pragas das trombetas, que, por sua vez, constituem a antevisão das pragas representadas pelas taças de Ap 16.[95] A título de advertências intermediárias, as trombetas ilustram o ensejo para a mudança de comportamento, com o objetivo de evitar-se os eventos concretos dolorosos sob os signos das taças. Sugerimos para a avaliação do ponto a leitura de que as referências sobre a terra (Ap 6:10; 8:13; 11:10; 13:8, 14; 17:2) dizem respeito, no Apocalipse, sobre o âmbito religioso, especificamente o círculo daqueles que de uma forma ou outra assumem funções na seara da iluminação espiritual dos encarnados. São aqueles mencionados por Paulo em Rm 1:21,22:

“Pois, tendo conhecido a Deus, não o honraram como Deus nem lhe renderam graças; pelo contrário, eles se perderam em vãos arrazoados, e seu coração insensato ficou nas trevas. Jactando-se de possuir a sabedoria, tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por imagens do homem corruptível, de aves, quadrúpedes e répteis.”

De se notar, entretanto, que se os “Ais” representam consequências sobre os agentes desviados, também revela algo sobre o dia do Senhor que, conforme sabemos, tem como marco inicial a vinda do Espiritismo. O terceiro e último “Ai” (Ap 11:14), o que será detalhado no momento adequado, está vinculado ao resgate da pureza dos ensinamentos espirituais por intermédio dos fenômenos mediúnicos ilustrados pelos relâmpagos, vozes e trovões (Ap 11:19). A dor do derradeiro “Ai” provém dos que se desviaram por extenso período na seara da religiosidade e que, descobertos no imo de suas ações equivocadas, lamentam ao constatar a ruína de seus impérios perecíveis. Cabe adiantar que o terceiro “Ai” está entrelaçado aos conteúdos da sétima trombeta, quais elos de uma corrente. Stefanovic anota que a sétima trombeta refere-se claramente à segunda vinda de Jesus. O mesmo autor sugere que os sete selos e as sete trombetas aludem ao mesmo período da história, entre a partida de Jesus do plano físico e o seu prometido retorno.[96] Doukhan, por sua vez, entende que a última trombeta anuncia a vinda do reino de Deus.[97] Em verdade, há uma convergência entre os conteúdos do sétimo selo, da sétima trombeta e da sétima taça. E dessa confluência participam os conteúdos do terceiro “Ai”. O tema será retomado em comentários a Ap 11:14 e ss. Perceba o leitor que ainda não estamos nos debruçando sobre os comentários pontuais dos versículos que abordam os conteúdos das trombetas e dos “Ais”, mas apenas explicando as linhas gerais como modo de introduzir o tema.

As quatro primeiras trombetas encontram-se ambientadas no pano de fundo das pragas contra o Egito, conforme previsto no livro de Êxodo. São atingidos elementos da criação simbolizados por vegetação e águas.[98] O primeiro anjo tocou (Ap 8:6), o que trouxe à tona a imagem da terra (= âmbito religioso) atingida por granizo e fogo, misturados com sangue. Em decorrência, queimaram-se um terço da terra, das árvores e toda a vegetação verde. Na sétima praga do Êxodo, granizo misturado com fogo representou o julgamento de Deus sobre os egípcios, com efeito devastador (Ex 9:23-25). No Velho Testamento, o granizo e o fogo são instrumentos do julgamento divino.[99] O trecho suscita o que consta em Ez 38:22, no contexto da luta espiritual simbólica com Gogue e Magogue: “farei chover uma chuva torrencial, saraiva, fogo e enxofre sobre ele e suas tropas e os muitos povos que vierem com ele.” Em Jó 38:22,23, o granizo é reservado para os dias de batalha. Em Sl 78:47, 148:8, o granizo e as chamas de fogo atingem a vinha sob a posse do inimigo. As pedras lançadas sobre o inimigo, conforme consta em Js 10:11, são enormes. Em Is 28:16,17 o granizo é apresentado paralelamente à pedra angular que objetiva afastar a mentira. De acordo com Osborne, sangue e fogo eram frequentemente combinados como símbolos de juízo (Is 9.5; Ez 21.32; 38.22).[100]A concepção da geena, que já foi comentada linhas atrás e que guarda estreita conexão com o lago de fogo (Ap 19:20, 20:10, 14,15), na tradição hebraica era referida como geena de fogo e granizo, conforme consta nos textos de Enoque (gehenna of fire and hail).[101] Em algumas traduções a palavra granizo é substituída por saraiva. Enquanto fenômeno físico, a saraivada pode aludir a uma erupção, quando são arremessadas muitas pedras, tal como ocorreu em Pompeia. Não parece, todavia, ser essa a melhor leitura de Ap 8:7, pois se trata apenas de uma ilustração. O recurso aos símbolos das antigas escrituras pode auxiliar para a adequada interpretação. Das seguintes passagens é possível compreender que a saraivada ou a atuação do granizo consiste numa investida contra algo, para dispersá-lo ou dissolvê-lo:

“Das trevas ele fez seu véu, sua tenda, de águas escuras e nuvens espessas; à sua frente um clarão inflamava granizo e brasas de fogo. Iahweh trovejou do céu, o Altíssimo fez ouvir sua voz; atirou suas flechas e os dispersou, expulsou-os, lançando seus raios. (Sl 18:12-15)

Esse alvo seria o consórcio entre a besta apocalíptica e a Grande Babilônia, embriagados do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus (Ap 17:6). O que convida a um paralelo com o trecho abaixo:

“Ai da coroa orgulhosa dos bêbados de Efraim, da flor murcha do seu magnífico esplendor que está no cume do vale da fertilidade, e dos que estão prostrados pelo vinho! Eis um homem forte e vigoroso a serviço do Senhor: como uma chuva de pedras e uma tempestade devastadora, ele os atira ao solo com sua mão. Sim, a orgulhosa coroa dos bêbados de Efraim será calcada aos pés, bem como a flor murcha do seu magnífico esplendor que está no cume do vale da fertilidade.” (Is 28:1-4)

A chuva de pedras de granizo, assim, simboliza a queda dos agentes desviantes para a restauração das verdades:

“Porei o direito como regra e a justiça como nível. Mas quanto ao refúgio da mentira, o granizo o levará e o seu esconderijo, as águas o submergirão.” (Is 28:17)

Como resultado, tem-se o fim dos dogmas que não resistem ao encontro da razão. Tal como a “argamassa não temperada”, cairão:

“Dize aos que rebocam com argamassa: Basta que haja uma chuva torrencial, que caia uma chuva de pedra, que se desencadeie um vento tempestuoso, e o muro irá ao chão. Porventura não vos dirão: ‘Onde está a argamassa com que rebocastes?’ Pois bem, assim diz o Senhor Iahweh: Eu farei desencadear um vento tempestuoso; uma chuva torrencial sobrevirá em virtude de minha ira, e chuva de pedra em minha fúria devastadora. Arrasarei o muro que rebocaste de argamassa e o porei à terra. Os seus alicerces ficarão à vista. Ele cairá e vós perecereis debaixo dele e sabereis que sou Iahweh.” (Ez 13:11-14)

Essas são breves considerações sobre os agentes destruidores da passagem em tela. Ou seja, até aqui avaliamos os elementos que causariam a simbólica destruição.

Resta, agora, levantar sentidos por detrás dos entes atingidos, que são (i) parte da terra, (ii) um terço das árvores e (iii) toda vegetação verde. Note-se que o dano não se verifica na totalidade dos atingidos. Até mesmo no caso da vegetação, não é toda ela atingida, mas apenas aquela que se encontrava verde. A terra, como visto, simboliza o âmbito da religiosidade no planeta. Atingir a terra significa, assim, atuar sobre a cultura religiosa humana, o que abrange o círculo institucional, onde sobressai o domínio romano. A mensagem mais direta, portanto, é a de que os desvios em nome do cristianismo entrariam em ponto de ebulição. Os produtos inadequados da abominação desoladora se fariam mais evidentes, como chaga ostensiva (Ap 16:1). Ao mesmo tempo, o ápice da decrepitude espiritual serviu à Justiça Maior pelos mecanismos da reencarnação e dos efeitos decorrentes das causas. De modo que algozes do passado experimentaram, ao longo das vidas sucessivas, as consequências das ações que eles mesmos empreenderam. Os flagelos destruidores que encontram raízes nas escolhas humanas servem, ao final, como meio de aplainar consciências e destinos. Comparações com o reino vegetal são estabelecidas no Antigo (e.g., Sl 3:1, 92:13,14, Is 40:6-8, 61:3, Jr 11:16, 17:7,8, Ez 21:3) ou no Novo Testamento (e.g., Mt 3:10, 7:15-20, 12:33,34, 13:4-43, 21:18-22, 24:32-36, Mc 4:1-20, 4:26-29, 11:12-14, 11:20-22, 13:28-32, Lc 3:9, 6:43,44, 8:4-11, 13:6-9, 13:18,19, 21:29-33, Jo 15:1-17, 2Co 9:10, 1Jo 3:9) para ilustrar as individualidades em evolução. No que concerne à passagem em estudo (Ap 8:7), cabe compreender uma especificação dessa simbologia, designadamente a noção de individualidades convocadas à aliança com Deus[102] e que podem, segundo suas escolhas, apresentar a postura de fidelidade ou traição. Nessa linha, tenha-se os sentidos abaixo:

“- Toda carne é erva e toda a sua graça como a flor do campo. Seca a erva e murcha a flor, quando o vento de Iahweh sopra sobre elas; (com efeito, o povo é erva) seca a erva, murcha a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste para sempre.” (Is 40:6-8)

“Uma oliveira verdejante, ornada de frutos belos, assim chamou-te Iahweh. Com grande ruído ele lhe ateou fogo e seus ramos foram estragados.” (Jr 11:16)

“Bendito é o homem que se fia em Iahweh, cuja confiança é Iahweh. Ele é como uma árvore plantada junto da água, que lança suas raízes para a corrente: não teme quando chega o calor, sua folhagem permanece verde; em ano de seca não se preocupa e não para de produzir frutos.” (Jr 17:7,8)

“Assim diz o Senhor Iahweh: Eis que acenderei um fogo no meio de ti, o qual consumirá no teu seio toda a árvore verde e toda árvore seca. A sua chama não se apagará e todos os rostos ficarão crestados desde o Negueb até o norte. Toda carne verá que fui eu, Iahweh, que o acendi, visto que não se apagará.” (Jr 21:3,4)

Assim, do ponto de vista dos que seriam atingidos pelos agentes destrutivos do granizo e do fogo (Ap 8:6), entende-se que parte da terra corresponde ao âmbito religioso que traiu a proposta de aliança divina. O terço das árvores que se queimou diz respeito às individualidades que já poderiam dar frutos de testemunho em torno dos ensinamentos superiores, mas optaram por perseguir os interesses mesquinhos em meio às sujidades das convenções mundanas. Nessa linha, lembre-se que João Batista compara os iniciados do povo judeu a árvores que não deram frutos no momento oportuno (Mt 3:10) e Jesus também se refere à figueira infrutífera para transmitir os mesmos ensinamentos (Lc 13:6-9, Mt 7:19). A síntese da mensagem, aqui, é: “toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.” (Mt 7:19). A vegetação verde corresponde à vinha retratada na parábola dos lavradores maus (Mt 21:33-46, Mc 12-1-12, Lc 20:9-19) e traduz a mensagem de que os desvios na seara religiosa – principalmente aqueles realizados pelo institucionalismo romano – comprometeriam significativamente a “produção do bom vinho”, ou seja, o entendimento espiritual superior. A mensagem é correlata à de Ap 6:12, que menciona a figueira que deixa cair seus frutos ainda verdes. Não há um compromisso e tampouco intenção do comunicante em reproduzir com exatidão ensinamentos das escrituras antigas. Núcleos de sentido são conjugados no Apocalipse como um mosaico para transmitir outro recado. Assim, em síntese compreensiva da mensagem de Ap 8:7, percebe-se a previsão de uma retribuição divina sobre os desmandos no campo dos ensinamentos espirituais, que viria pela via do julgamento simbólico do fogo devorador, dissolvente dos males, para apanhar os traidores da aliança e a própria “vinha” dada para cultivo. Do investimento sobre a comunidade de Roma, também ilustrada pela árvore, ficaria apenas o toco, com suas raízes e cadeias de ferro e de bronze (Dn 4:12, 20). O juízo previsto pela mediunidade de presciência de João realmente recairia sobre os traidores da aliança, tal como destacado pelo centro quiástico de Ap 6:15 e pela especificação de Ap 9:4. Esta última passagem pode parecer em contradição com Ap 8:7, embora se trate de uma antítese apenas aparente. Em verdade, Ap 9:4 revela que o resultado de Ap 8:7, a queima das árvores e da vegetação não significa uma destruição efetiva e sim uma metáfora indicativa da purificação e da renovação.

Novamente o simbólico fogo purificador do juízo figura em Ap 8:8, por intermédio da grande montanha incandescente lançada ao mar, imagem revelada pelo sopro do segundo chofar. A figurativa montanha representa a Lei Divina em sua solidez e força, tal como a pedra que cai sobre a Grande Babilônia (Ap 18:21), assim como as escrituras antigas previram que ela destruiria os elementos provenientes de mãos humanas (e.g., Is 8:14, 21:9, 28:17, 30:14), símbolos da idolatria e do desvio. Ela surge incandescente para externar a mensagem de que um novo momento de contato com a Lei viria para estabelecer parcela do julgamento do final dos tempos. Linhas atrás foi explicado que a revelação espírita é a responsável pelo julgamento simbólico previsto em passagens como Jo 16:8, que menciona o Consolador estabelecendo a culpabilidade ao mundo. O que suscita o seguinte trecho contido em mensagem de Paulo:

“Quem é, com efeito, o culpado? É aquele que, por um desvio, por um falso movimento da alma, se afasta do objetivo da criação, que consiste no culto harmonioso do belo, do bem, idealizados pelo arquétipo humano, pelo Homem-Deus, por Jesus-Cristo.” (O Livro dos Espíritos, item 1009)

Com o impacto, um terço do mar se transformou em sangue. As águas representam povos, multidões, nações e línguas (Ap 17:15), enquanto que o sangue traduz o sacrifício e o sofrimento (Ap 17:6).[103] É preciso, entretanto, compreender que o julgamento previsto para o final dos tempos não é instantâneo. Em Ap 18, que se vincula a Ap 8, 9, segundo o espelhamento quiástico, consta que as pragas viriam num só dia (Ap 18:8). Curiosamente, adiante é dito que o julgamento icônico duraria apenas uma hora (Ap 18:10, 17, 19). Não se trata de um relato esquizofrênico, incapaz de discernir entre as mensurações de tempo. Na verdade, tanto a hora quanto o dia mencionados em Ap 18:8, 10, 17, 19 são simbólicos e correspondem ao mesmo período. Referem-se à hora do julgamento pressuposta em Mt 24:36. A base de cálculo é o significativo período do Apocalipse de mil, duzentos e sessenta anos, fundamental para descobrir-se o período temporal mencionado em Ap 8:1, conforme visto. A lei de causa e efeito incide paulatinamente. A misericórdia e a justiça divina se conjugam sempre. Na ilustração das escrituras, Deus é lento para aplicar o julgamento (e.g., Jl 2:12, Jn 4:2). Então, o julgamento do Apocalipse é extenso, perdura pelo período de mil, duzentos e sessenta anos e se desdobra em fases ou etapas. A última etapa do julgamento simbólico é o advento do Espiritismo, representado pelo sétimo elo de cada ciclo dos selos, das trombetas e das taças. A sétima taça, por exemplo, ilustra os fenômenos que serviram de base aos estudos de Kardec (Ap 16:17). Disso se infere que todos os elementos indicativos do julgamento em Ap 8 não dizem respeito à consumação do juízo. Eles estão centrados na fase intermediária (= cerca de meia hora – Ap 8:1), no intercalado ciclo das trombetas. É certo que antes do ciclo final das taças (Ap 16), em outras palavras, nos ciclos dos selos e das trombetas, já se fazem presentes vislumbres das últimas etapas. O motivo está em duas razões, a atuação da mediunidade de presciência, antecipando os fatos futuros, e a estrutura formal do Apocalipse em forma de quiasmo, onde as primeiras partes espelham as finais. Assim é que os símbolos da montanha e da estrela (Ap 8: 8, 10) podem transmitir, inicialmente, a impressão do anúncio da vitória final, vez que representam, respectivamente, a Lei e a pessoa de Jesus. Mas, como se está ainda em fase intermediária dentro do longo período de julgamento de mil, duzentos e sessenta anos, esses símbolos refletem palidamente o final vitorioso, ao mesmo tempo em que anunciam o julgamento sob outra perspectiva. Tratam, nesse setor, da atuação da lei de causa e efeito, especificamente demonstrando que o obscurecimento dos ensinamentos e os tempos de trevas também aplicariam a justiça divina para os homens que se afastaram do amor divino.

Em Ap 6:12 tem-se a referência ao sofrimento dos justos, mas com a ampliação do ângulo de visão, representado pelo deslocamento de um quarto para um terço, alcança-se também as aflições que experimentariam os agentes dos desvios. Para Osborne, o trecho copia a imagem da primeira paga do Egito (Ex 7:14-19), paralelo que, todavia, não é exato, pois a mensagem é outra.[104] Stefanovic sustenta que a cena da segunda trombeta é construída sobre a descrição da queda da antiga Babilônia na profecia de Jeremias.[105] Não cabem, aqui, apegos a sentidos pretéritos pois, de acordo com os ensinamentos de Osborne, não é assim que funciona a linguagem. “O significado que um autor lhe dá depende do contexto do momento e não tanto do uso da mesma palavra em contextos anteriores.”[106]  Entendemos que o capítulo 51 do livro de Jeremias se amolda melhor à passagem, mormente quando consideramos o símbolo das águas que aponta, em linhas gerais, para nações (Ap 17:15). Dessa maneira, a segunda trombeta traduz um vaticínio contra a Grande Babilônia do Apocalipse. Importante lembrar o sentido das simbólicas babilônias (Ap 17:12-14) para a grande revelação. A mensagem que veiculam pode ser bem compreendida por via do seguinte relato do Instrutor Eusébio, contido no livro No Mundo Maior:

“Com Jesus, o Divino Crucificado, nossa atitude não tem sido diferente. Sobre os despojos dos mártires, imolados nos circos, vertemos rios de sangue em vindita cruel, armando fogueiras do sectarismo religioso. Suportamos administradores arbitrários e ignominiosos, de Nero a Diocleciano, porque tínhamos fome de poder, e quando Constantino nos abriu as portas da dominação política, convertemo-nos de servos aparentemente fiéis ao Evangelho em criminosos árbitros do mundo. Pouco a pouco esquecemos os cegos de Jericó, os paralíticos de Jerusalém, as crianças do Tiberíades, os pescadores de Cafarnaum, para afagar as testas coroadas dos triunfadores, embora soubéssemos que os vencedores da Terra não podem fugir à peregrinação ao sepulcro. Tornou-se a ideia do Reino de Deus fantasia de ingênuos, pois não largávamos o lado direito dos príncipes, sequiosos de fastígio mundano.”[107]

As simbólicas babilônias representam o poder temporal que compactuou com os desvios de Roma, comprazendo-se nos regalos materiais, baralhando interesses por casamentos inferiores (Dn 2:43). São as nações[108] que entregam seu poder e autoridade à besta (Ap 17:13), o que culminou no tríplice império maligno do Apocalipse, entre a Grande Prostituta, o Dragão e a Grande Babilônia (Ap 17). Tendo-se isso em mente, voltemos os olhos para o capítulo 51 de Isaías, cujos símbolos se encontram espelhados em Ap 8:8. A Babilônia é situada em posição de quem é julgada, conforme indica Is 51:2. Ela receberia as consequências de seus atos (Is 51:6, 24, 35, 49, 58). É comparada à taça de ouro, continente do vinho que embriagou a terra inteira e gerou loucura nos homens (Is 51:7). Seu comprometimento com a Lei atingiria extremos, não obstante as advertências para a conduta reta (Is 51:9, Ap 18:5). Por isso, sua queda é a previsão obtida pela mediunidade de presciência (Is 51:8, 13). Chegaria o tempo em que Deus faria com que os membros da Grande Babilônia bebessem do que eles próprios distribuíram (Is 51:57, Ap 18:8). As trombetas deveriam ser tocadas para anunciar os vaticínios às nações (Is 51:27, Ap 8:2,6). A Babilônia receberia a investida de homens em grande número, em volume comparado a uma nuvem de gafanhotos (Is 51:14, Ap 9:3). Também seria objeto da investida de cavalos (Is 51:27, Ap 6:1-8). O vento de Ap 6:13 é o de Is 51:1 e se amolda ao contexto em foco. O sentido da batalha espiritual é suscitado pela presença da expressão “Iahweh dos Exércitos” (Is 51:19). A voz de Deus atuaria em resposta, como barulho de águas no céu, no contexto do surgimento de raios (Is 51:16, Ap 8:5, 19:6). Após o surgimento dos raios e da chuva ruidosa, os homens se envergonhariam de seus ídolos, verdadeiras esculturas da mentira. Ficariam expostas a vaidade e as obras desviantes, que desapareceriam no momento certo (Is 51:17, 47, 52). As nações, seus ícones e seus poderes seriam destruídos (Is 51:20-23). O rio que serve à Babilônia secaria (Is 51:36, Ap 16:12), seu domínio terminaria definitivamente (Is 51:39, 40, Ap 18:14). Deus é comparado à montanha da destruição que, em chamas, atua contra a Babilônia (Is 51:25, 63, 64, Ap 8:8, 18:21). O livro de Isaías apresenta um jogo de palavras entre a pedra enorme que aplica o julgamento para restituir a pedra angular ou fundamental, que simboliza o exemplo de Jesus (Is 51:26). De tudo isso e fazendo-se a comparação entre Is 51 e Ap 8:8 o que se percebe é a antevisão do julgamento da Grande Babilônia. Do que mais importa, a grande pedra incandescente aponta para a atuação da Lei Divina operando o julgamento. Retomando uma ilustração que empregamos linhas atrás, a aproximação da Lei é como o enquadramento de algo a uma régua, quando se evidencia a verdadeira dimensão da situação. O ápice do julgamento é o advento da luz no mundo (Jo 3:19). Os navios, mencionados em Ap 8:8 fazem destacar o comercialismo que caracteriza o móvel da Grande Babilônia, e que recobra a mensagem sobre o terceiro cavalo (Ap 6:5). As naus são mencionadas posteriormente em Ap 18:17, 18, no mesmo contexto, uma vez que no quiasmo maior se verifica o espelhamento entre Ap 8:6-13 e Ap 18:11-19:6. A mensagem espiritual, portanto, é a do fim do paradigma dos interesses egoísticos e materialistas, com a dissolução dos frutos pelos quais anelavam as almas dos agentes da Grande Babilônia (Ap 18:14). Concordamos, pois, com Beale e Carson, que veem na segunda trombeta o juízo sobre a Babilônia, a “grande cidade”.[109] Interessante notar que a queda da Grande Babilônia está diretamente relacionada com o advento do Espiritismo (Ap 14:8), pois a este cabe a magna função de dissolver a cultura materialista no planeta. Importante ter em conta, ainda, que no contexto do Apocalipse os elementos de dissolução atingem igualmente a besta apocalíptica e a Grande Babilônia, o que será melhor compreendido sob o estudo de Ap 17.

A imagem da queda de uma grande montanha incandescente é reproduzida pela terceira trombeta, agora com a ilustração da queda de uma grande estrela, ardendo como tocha (Ap 8:9). Veja-se que em Ap 9:1 uma estrela é mencionada de maneira personificada, vez que recebeu a chave do poço do abismo. Os símbolos de Ap 9:1, por sua vez, estão repetidos em Ap 20:1, só que nesta passagem o portador da chave é referido como um anjo. Para completar a avaliação, Jesus é chamado de estrela resplandecente da manhã (Ap 22:16). Os aspectos de fogo são empregados para lembrar a vinda do julgamento. Jesus figura, então, de forma análoga à montanha, esta representativa da Lei. O paralelo é claramente adequado, uma vez que o Cristo é a grande exemplificação das diretrizes divinas para os homens (item 625 de O Livro dos Espíritos). A metafórica estrela cairia sobre parte dos rios e das fontes das águas (Ap 8:10), que podem ter dois sentidos de relevo. O primeiro, já comentado, é o de que o elemento água identifica povos, multidões, nações e línguas (Ap 17:15). Assim, a mensagem estaria tratando da atuação da segunda vinda de Jesus (= o Espiritismo) sobre os homens. O segundo é oferecido pelos estudiosos que desconhecem os ensinamentos dos espíritos, para os quais as águas representam o alimento espiritual (e.g., Is 12:3, Pv 13:14, Jo 7:38). O próprio Apocalipse identifica o retorno simbólico de Jesus com a eclosão de fontes gratuitas de água viva (Ap 21:6).[110] Aqui é preciso considerar, por outro lado, que se está em previsão intermediária da narrativa do Apocalipse. O texto mescla-se com as visões do futuro, em virtude do espelhamento quiástico com Ap 18:11 a 19:6, mas seu foco é o período situado aproximadamente no meio domínio institucional-religioso romano. Nos comentários a Ap 8:1 demonstrou-se a ênfase no período da Inquisição, a partir do ano de 1231. Então, a estrela que cai incandescente não está, aqui no capítulo 8, fechando o extenso período de julgamento. Ela está se referindo a uma fase intermediária do julgamento, cuja retribuição específica consiste nas tribulações causadas pela própria ação dos homens traidores da aliança, que ao invés de promoverem o esclarecimento geral optaram por usar dos mecanismos sagrados em seu favor. A estrela está, aqui, ardendo como tocha para ilustrar as aflições do período a que se refere. A Lei (= montanha, estrela) é referida para contrastar com a queda, enfatizando esta última. Em paralelo com o livro de Isaías vê-se que a passagem trata de um erro tão grave que toca as profundidades do Xeol (Is 14:11). Ainda em Isaías, percebe-se a queda projetada na figura da Babilônia, abatida em seu fausto. O trecho usa elementos muito próximos ao que consta em Ap 6:8, quando foi comentada a expressão judaica “Fazer a cama no Xeol”. Com efeito, em Isaías consta que sobre o corpo do ente abatido os vermes formariam um colchão e os bichos cobririam como um cobertor (Is 14:11), uma ilustração forte para demonstrar a intensidade das consequências e, por conseguinte, do erro. Na sequência, continuando-se em Isaías, menciona-se o império vencedor entre as nações caindo como uma estrela atirada à terra (Is 14:12). A pretensão desse ente poderoso, segundo a escritura antiga, seria a de ascender até mesmo acima das estrelas de Deus (Is 14:13), equiparando-se ao Altíssimo (Is 14;14). Sua queda certa viria na mesma proporção da ambição descabida (Is 14:15). A ênfase no declínio encontra suporte em específico trecho do Evangelho de Lucas que repete símbolos de Ap 9:

“Ele lhes disse: Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago! Eis que vos dei o poder de pisar sepentes, escorpiões e todo o poder do inimigo, e nada poderá vos causar dano.” (Lc 9:18,19)

Então, se a enorme montanha pode simbolizar a solidez da Lei e o próprio Jesus é associado à estrela da manhã (Ap 22:16), percebe-se que nessa fase intercalar do Apocalipse – período das trevas densas da grande tribulação – o contraponto entre a Lei e a queda serve para chamar a atenção ao intenso período de deturpações em nome de Deus. Veja-se contraste semelhante em Ap 13:13, que menciona um agente inferior que opera maravilhas aos olhos dos homens, fazendo até mesmo descer fogo do céu. Por isso é que, nesse período, o julgamento representado pela estrela incandescente traz efeitos negativos, daí a menção ao absinto (Ap 8:11). O nome deriva da planta Artemesia absinthium, de gosto amargo e intragável para iniciantes[111], cujo sabor é tão forte que 28 gramas “podem ser detectados em cerca de dois litros de água.”[112] Trata-se de mais um símbolo, que remete para o sotah, o procedimento cerimonial de “provação da água amarga”, a que tradicionalmente se submetia a mulher suspeita de adultério[113]. Também conhecido como “teste da água amarga”, pelo qual a esposa acusada de traição era levada ao sacerdote para sorver água igualmente misturada com terra e tinta. Acreditava-se que este teste revelaria a culpa da acusada, ou seja, auxiliaria a verificar se a mulher cometeu adultério[114]. Parcela do procedimento encontra-se descrita em Nm 5:11-18 e 1Rs 8:31. Se a acusada se recusasse a jurar segundo o procedimento, a causa era julgada em seu desfavor.[115] O procedimento também foi empregado para testar homens acusados sob as mesmas transgressões.[116] Por isso é que Ap 8:11 menciona que após a atuação da estrela, parte da água se tornou amarga e, em decorrência disso, muitos morreram. Considerando-se o que se disse anteriormente, sobre o fato de que a morte apresenta, em alguns contextos do Apocalipse, o sentido de erro ou de falência espiritual, pode-se compreender o significado profundo da mensagem. Assim, deve-se considerar que a alusão aos procedimentos do sotah está diretamente vinculada ao símbolo da grande traidora da revelação, que é a besta apocalíptica. Cuida-se do institucionalismo religioso romano, testado em suas ações. O resultado antevisto é a falência espiritual que caracteriza a defecção do sacerdócio, a traição tradicionalmente conhecida sob o rótulo de apostasia.[117] De acordo com Stefanovic, o absinto no Antigo Testamento simboliza a punição divina pela apostasia.[118] O Novo Testamento também traz passagens que apontam para a grande traição que surgiria no futuro (Mt 24:4,5, 11, 23,24, At 20:26-31, 2 Ts 2:1-12, 1 Tm 4:1,2; 2 Tm 4:3,4, 2 Pe 2:1-3, 1Jo 2:18,19,  Jd, 3,4, Ap 2,3). Stefanovic vê em 2Ts 2:1-12 a atuação do Império Romano, tendo por ápice a traição medieval, quando muitos beberam das águas poluídas e venenosas dos ensinamentos desviados. O mesmo autor sustenta que esta é a situação claramente retratada pelos símbolos da terceira trombeta.[119] Convém transcrever suas lúcidas considerações:

“A igreja promoveu ações pecaminosas contrárias à Bíblia; as pessoas se desviaram da simplicidade do Evangelho. Aqueles que resistiram à apostasia e às influências sedutoras da igreja institucional experimentaram rejeição e perseguição.”[120]

Até mesmo o fato de o procedimento do sotah ser aplicado na hipótese de ausência de testemunhas da traição (Nm 5:13)[121] possui significação espiritual profunda para o contexto do Apocalipse, pois indica que os partícipes do consórcio inferior (Ap 17, Dn 2:43) não auxiliariam no desvelamento dos desvios, pelo contrário, ajudariam a encobri-los. A referência às águas que se tornaram amargas (Ap 8:11) apresenta um duplo sentido. Aponta não apenas ao procedimento para a acusação de traição, mas igualmente está se referindo ao alimento espiritual que se torna contaminado pelas deturpações na seara do conhecimento superior. Jesus pode ser comparado ao manancial de esclarecimentos do qual se pode beber “a linfa cristalina das verdades consoladoras do Céu.”[122] Lado outro, a terceira trombeta ilustra, pela contaminação das águas, a poluição das fontes e das correntes da verdade, por intermédio dos falsos ensinamentos de líderes religiosos humanos que causam devastadora confusão, gerando morte espiritual.[123] Como se verá em breve, até mesmo autores não-espíritas reconhecem que Ap 8 identifica o período da Igreja medieval. Assim, a estrela incandescente que traz o amargor aplica parcela do julgamento espraiado pelo mencionado período de mil, duzentos e sessenta anos. Específica interpretação judaica pode auxiliar no entendimento desse sentido de retribuição, ao afirmar que diferentes são os caminhos de Deus, que sabe aproveitar o amargo para curar o amargo. Ele coloca algo prejudicial (madeira amarga) em algo que foi prejudicado (as águas amargas) para realizar um milagre.[124] Aqui recorremos, novamente, à comunicação de Paulo, agora para elucidar o que vem a ser o simbólico castigo:

“Que é o castigo? A consequência natural, derivada desse falso movimento; uma certa soma de dores necessária a desgostá-lo da sua deformidade, pela experimentação do sofrimento. O castigo é o aguilhão que estimula a alma, pela amargura, a se dobrar sobre si mesma e a buscar o porto de salvação. O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção. Querê-lo eterno, por uma falta não eterna, é negar-lhe toda a razão de ser.” (O Livro dos Espíritos, item 1009).

O símbolo do absinto, que trata do amargor[125], também é comparado à água envenenada (Jr 9:14) que seria dada de beber aos traidores da aliança, o que igualmente se amolda à mensagem por detrás do sotah. Em 2Ts 2:8, o grande traidor, o anticristo (1Jo 2:18,19), seria destruído com o sopro divino, designadamente pela manifestação da segunda vinda de Jesus, que sabemos corresponder ao advento do Espiritismo. A mediunidade de presciência já apontava que todos os agentes da traição seriam dissolvidos no tempo oportuno (Jr 9:15).

Esse sentido do amargor será adiante comentado à luz das simbólicas taças (Ap 16), seguindo-se a dica de Humberto de Campos:

“O sofrimento é como um absinto maravilhoso. Se a sua taça está hoje cheia de fel inevitável, esse líquido amargo nunca se escoa. Aqueles que lho deram vêm atrás dos seus passos. O mesmo fel os aguarda nos caminhos tortuosos da vida.”[126]

Após o toque do quarto chofar, um terço do sol, um terço da lua e um terço das estrelas foram atingidos. Estes foram ofuscados, de sorte que o dia e a noite perderam um terço de sua luz (Ap 8:12). No livro de Eclesiástico o sol, a lua e as estrelas são ilustrações da glória de Deus (Eclo 43, 50:5-7). Por sua vez, o decréscimo de luz do sol e da lua simbolizam uma fase de obliteração da iluminação espiritual (Is 13:10, Jl 2:10, 3:1-5, Am 5:18, Mq 3:6, Mt 24:29-31, Mc 13:24-27, At 2:20,21, Ap 6:12, 13) por ação da besta apocalíptica. Trata-se de um período de forte alienação na relação entre a criatura e o Criador.[127] Foi demonstrado, pelo contraponto dos correspondentes no quiasmo menor entre Ap 6:12-b e Ap 6:16-b, que a imagem do sol e da lua enegrecidos representa um ocultamento da face e da presença de Deus, qual ocorre durante um eclipse. Do ponto de vista espiritual, o ocultamento antevisto está diretamente vinculado aos valores do mundo, erigidos à conta de deuses, em típica idolatria condenada pelas escrituras. São os sistemas que obscurecem a inteligência e impedem a visão da luz do Evangelho, para empregar as palavras de Paulo em 2Co 4:4. Nessa fase de trevas, ficou afastada a face de Deus (Shekhinah). Jesus é a luz do mundo e o caminhar dissonante de seus ensinamentos constitui trevas (Jo 8:12, 12:46, Lc 1:79). O Cristo é a grande luz para os que se encontram na escuridão e na região sombria da morte (Mt 4:16). O fato, entretanto, é que poucos assimilaram, de pronto, os ensinamentos do Mestre. Sobreveio, por escolha da própria humanidade, um período de defecção, que resultou em grande atraso em termos evolutivos. Em síntese, a quarta trombeta transmite a mensagem do escurecimento temporário das fontes espirituais, sob a influência predominante do secularismo dos poderes mundanos.[128] Não obstante, para os retardatários da marcha viria um novo período de luzes, que encetaria o julgamento final pelo resgate da luz do mundo (Jo 3:19), o que de fato se concretizou por meio do Espiritismo.

Stefanovic percebeu uma associação entre a terceira e a quarta trombeta:

“A apostasia da terceira trombeta é desenvolvida ainda mais na cena da quarta trombeta. Enquanto a terceira cena da trombeta descreve em linguagem simbólica as consequências do declínio espiritual e da apostasia da igreja cristã medieval, a quarta cena da trombeta retrata o aprofundamento da escuridão predominante no mundo no período que se seguiu à Idade das Trevas.”[129]

O comentário acima é muito pertinente quando considerados os efeitos nocivos que se espraiaram ao longo da história em razão das confusões realizadas em nome do Cristo. Emmanuel bem aborda esses sentidos reflexos no livro A Caminho da Luz, que serão detidamente avaliados no momento oportuno.

Em fecho ao primeiro ciclo de trombetas, importa frisar que para estudiosos do Apocalipse, mesmo não-espíritas, as terceira e quarta trombetas descrevem a Idade das Trevas, que consiste no “período da maior usurpação” do empreendimento humano com pretensões de cristianismo, momento em que o poder empurra ladeira abaixo o sentido simples e sublime da espiritualidade, em prejuízo da compreensão das verdades maiores. “Por causa de sua sede de poder, a igreja perde seu senso de missão e verdade.” Tendo tentado subir ao nível de Deus, ela se encontra condenada à confusão, muito semelhante à antiga Babel.[130] Durante essa fase, lembra Stefanovic, a razão cedeu espaço ao dogma e a Igreja se afastou da mensagem do Evangelho.[131]

Disparadas as mensagens das quatro trombetas, surgiu uma águia que voava no meio do céu, gritando em alta voz “Ai, ai, ai dos que habitam a terra, por causa dos restantes toques da trombeta dos três Anjos que estão para tocar.” (Ap 8:13). De início deve-se esclarecer que a tradução para “uma águia” - ενος ἀετός– também pode ser convertido para “um abutre”. O hebraico nesher e o grego ἀετός  “referem-se do mesmo modo à águia e ao abutre, pois ambos eram conhecidos por seu tamanho, força e velocidade e eram as aves de rapina mais famosas.”[132] Vamos, então, explorar ambos os sentidos. Em comentários a Ap 8:7 e também na avaliação panorâmica sobre os Ais, foram mencionadas passagens conexas que mencionam uma flor que murcha. Em Is 28:1-4, essa flor ilustra o magnífico esplendor e revela, ao mesmo tempo, a sua potencialidade, exatamente por se encontrar no cume de um local fértil, que poderia dar frutos, tal como a vinha da parábola dos lavradores infiéis (Mt 21:33-46, Mc 12-1-12, Lc 20:9-19). Mas ela murcha, resultado esse que demonstra a defecção daqueles que empregaram o simbólico vinho do conhecimento superior para se embriagar. Pois bem, o leitor poderá perceber que em Ez 17:1-24 faz-se referência à planta que murcha (Ez 17:10), num contexto relevante para o conjunto de Ap 8, a indicar a falência de missões espirituais. Não cabe, neste espaço, destrinchar a passagem de Ezequiel. Cumpre somente destacar que ali a ação de uma simbólica águia é comparada à atuação dos líderes poderosos, ameaçando os frutos dos filhos da Jerusalém (Ez 17:9).[133] Diante deste contexto, o primeiro sentido que podemos extrair do símbolo da águia é a ação do poder dos impérios humanos. Em Dt 28:49-53, a águia representa uma nação estrangeira que come o fruto do solo e prejudica o vinho novo do povo convocado para a aliança, até que venha abaixo seus muros altos e fortificados. Em Hc 8:1 as águias são comparadas ao passo célere dos cavalos inimigos que chegam de longe para devorar. O segundo sentido, igualmente relevante, está em Os 8:1, onde as manifestações das águias são comparadas à trombeta, trazendo advertências para os destinatários da proposta de aliança. Por outro lado, autores como Stefanovic entendem que a tradução que melhor se amolda para a passagem é a de abutre, que no Velho Testamento representa julgamentos e desastres iminentes.[134] O que evoca a manifestação de Jesus: onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres (Mt 24:28, Lc 17:37). No contexto do sermão profético, essa previsão do Cristo está situada na grande tribulação (Mt 24:20), período de domínio do institucionalismo religioso romano. Ela ocorreria quando a abominação da desolação, mencionada por Daniel, estivesse instalada no lugar santo (Mt 24:15). A advertência central do trecho do sermão profético em análise é aquela contida em Mt 24:24, onde Jesus pede precaução em face dos falsos Cristos e dos falsos profetas, que apresentariam sinais e prodígios, bem como enganariam a muitos, mesmo dentre os que se encontrassem preparados para o discernimento. A parte em que se menciona o local em que se situaria o cadáver, em torno do qual se ajuntariam os abutres, é empregada a título de indicação do falso profeta, partícipe da abominação, e gravita em torno da advertência nuclear sob foco. Em Lc 17:34 o período da grande tribulação aparece pela ilustração da noite – uma fase de trevas – quando haveriam sérias divisões: “naquela noite dois estarão num leito; um será tomado e o outro deixado; duas mulheres estarão moendo juntas, uma será tomada e a outra deixada” (Lc 17:34,35). Assim, considerando-se que Ap 8:13 menciona um abutre que voava no meio do céu, a mensagem espiritual é a de que se trata do mesmo símbolo mencionado em Mt 24:28 e Lc 17:37, a indicar a incidência do juízo sobre a besta do apocalipse. A perspectiva do abutre também permite contraponto com Ap 18:2, 19:17, 21, o que se verá oportunamente. Na condição de grande livro das convergências, o Apocalipse lida com sentidos paralelos que se tocam em mensagens semelhantes. Partindo-se da linha da águia ou da linha do abutre, dessume-se a mensagem profunda no mesmo foco de Ap 6:15b, núcleo daquele quiasmo menor. O que se quer dizer é que os destinatários das mensagens são “os capitães, os ricos e os poderosos”, especificamente os membros da Grande Babilônia e da besta apocalíptica. São os agentes da grande tribulação, patrocinadores de abjeta cultura que, se não pode ser chamada de teocrática, gira em torno do pacto inferior entre interesses institucionais religiosos e poderes mundanos, contrários aos movimentos modernos que conduziram ao Estado laico ou secular. Conforme visto, os “ais” atingiriam “aos homens que não tivessem o selo de Deus sobre a sua fronte” (Ap 9:4). Para Osborne, os habitantes da terra são os que seguem a besta.[135] Para Koester, o Apocalipse descreve aqueles que vivem na terra como oponentes de Deus, que são ameaçados pelo julgamento divino.[136] Foi dito, linhas atrás, que o círculo da terra representa, em nossa visão, o âmbito daqueles que de algum modo se vincularam aos assuntos religiosos no planeta. O conjunto dos “ais”, curiosamente, remete para o som emitido pela ave, seja uma águia ou um abutre (= crocitar), um recurso de onomatopeia.[137] No contexto das escrituras, os “ais” anunciam aflições vinculadas a juízos divinos que atuarão.[138] Os três “ais” também correspondem poeticamente ao “santo, santo, santo” de Ap 4:8.[139] Ap 8:13 termina com a advertência de que os “ais” indicam dores que serão reveladas nas três últimas trombetas.

Para finalizar o capítulo, vamos avaliar as mensagens de defluem do espelhamento quiástico entre Ap 8 e Ap 18:11 a 19:6. Ap 18:11-15 aborda a extinção dos elementos que representam bens e valores caros aos detentores de poder na terra, o que se vincula com a destruição dos intentos comercialistas representados pelos navios em Ap 8:8. Ap 18:16 destaca as cores que caracterizam o institucionalismo religioso romano – púrpura e escarlate – confirmando o que sustentamos nos comentários acima, sobre o fato de que a queda predita atinge tanto a Grande Babilônia quanto a besta apocalíptica. A fumaça do incêndio,  resultado do simbólico fogo devorador sobre a Grande Babilônia e que ilustra o tormento desta (Ap 14:11), contrasta com a fumaça do incenso purificador de Ap 8:5. A hora do julgamento (Ap 18:19), segundo explicado, corresponde ao período de mil, duzentos e sessenta anos, parâmetro que deve ser empregado para calcular a meia hora aproximada de Ap 8:1. A grande pedra atirada ao mar, mencionada em Ap 18:21, corresponde à queda da grande estrela ardendo como tocha (Ap 8:10), contraponto este já comentado. Ap 18:22-23 traz o fim da cultura patrocinada pelos entes desviantes, o que de fato se insere no tema de Ap 8 e foi comentado. O sangue dos profetas e santos mencionado em Ap 18:24 espelha-se adequadamente com o que consta em Ap 8:8, para cujos comentários se remete o leitor. O texto de Ap 19:1-5 corresponde quiasticamente ao contido em Ap 8:2-5 e mais uma vez auxilia a compreender o tema do julgamento da grande Prostituta. Especificamente, o conteúdo de Ap 8:5 é bem desdobrado no seu correspondente de 19:6. Este último trecho, na verdade, reforça que os simbólicos trovões e relâmpagos de fato correspondem à conhecida segunda vinda de Jesus, quando a Lei Divina retornaria para plena compreensão (Ap 19:6) com o concurso do Espiritismo.




[1] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 434.
[2] OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica – uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 53.
[3] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo – Vol. 6. São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, p. 489.
[4] MAIER, Harry O. Apocalypse Recalled. Minneapolis: Fortress Press. Edição do Kindle, 2002.
[5] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 88.
[6] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 434.
[7] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 282.
[8] MAIER, Harry O. Apocalypse Recalled. Minneapolis: Fortress Press. Edição do Kindle, 2002.
[9] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 444.
[10] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 443.
[11] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 445.
[12] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 430.
[13] RUST, Leandro Duarte. Bulas Inquisitoriais: Ad Abolendam (1184) e Vergentis in Senium (1199). In: Revista de História. São Paulo: Universidade de São Paulo, n. 166, jan-jun 2012, p. 129-161.
[14] PETIOT, Henri (Henri Daniel-Rops). A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993, p. 607.
[15] PETIOT, Henri (Henri Daniel-Rops). A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993, p. 58.
[16] RUST, Leandro Duarte. Bulas Inquisitoriais: Ad Abolendam (1184) e Vergentis in Senium (1199). In: Revista de História. São Paulo: Universidade de São Paulo, n. 166, jan-jun 2012, p. 129-161.
[17] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 610.
[18] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 55.
[19] SMITH, Damian J. Crusade, Heresy and Inquisition in the Lands of the Crown of Aragon. Leiden: E.L. Brill, 2010, p. 32.
[20] SMITH, Damian J. Crusade, Heresy and Inquisition in the Lands of the Crown of Aragon. Leiden: E.L. Brill, 2010, p. 181.
[21] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 571.
[22] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 55.
[23] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 55.
[24] DEANE, Jennifer Kolpacoff. A History of Medieval Heresy and Inquisition. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2011, p. 91.
[25] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 29.
[26] Segundo revelou Francisco Cândido Xavier para Elias Barbosa, cuida-se do mesmo Gregório do livro Libertação, “que não se emocionou com a presença física de seu contemporâneo Francisco de Assis” (XAVIER, Francisco Cândido. Irmã Vera Cruz. Araras: IDE, 1980, Parte II, Apêndice B).
[27] SMITH, Damian J. Crusade, Heresy and Inquisition in the Lands of the Crown of Aragon. Leiden: E.L. Brill, 2010, p. 185.
[28] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 148.
[29] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 28.
[30] VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica – Vol. II. Lisboa: Paulus Editora, 2009, p. 35.
[31] VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica – Vol. II. Lisboa: Paulus Editora, 2009, p. 35.
[32] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 61.
[33] DEANE, Jennifer Kolpacoff. A History of Medieval Heresy and Inquisition. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2011, p. 268.
[34] THOMSETT, Michael C. The Inquisition: a history. Jefferson: McFarland & Company, 2010, p. 173, 245.
[35] VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica – Vol. II. Lisboa: Paulus Editora, 2009, p. 35.
[36] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 149.
[37] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 144.
[38] VERDETE, Carlos. História da Igreja Católica – Vol. II. Lisboa: Paulus Editora, 2009, p. 22.
[39] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 468.
[40] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 509.
[41] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 534.
[42] PETIOT, Henri (Henri Daniel-Rops). A Igreja dos Tempos Bárbaros. São Paulo: Quadrante, 1991, p. 592.
[43] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 147.
[44] PETIOT, Henri (Henri Daniel-Rops). A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. São Paulo: Quadrante, 1993, p. 56.
[45] “(...) di spirito profetico dotato.” Apud, RIEDL, Matthias (org). A Companion to Joachim of Fiore. Leiden: E.L. Brill, 2018, p. 14.
[46] DEANE, Jennifer Kolpacoff. A History of Medieval Heresy and Inquisition. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2011, p. 135.
[47] STEIN, Stephen J. The Encyclopedia of Apocalypticism: Volume 3 – Apocalypticism in the Modern Period and the Contemporary Age. New York: The Continuum Publishing Company, 2000, p. 143.
[48] DEANE, Jennifer Kolpacoff. A History of Medieval Heresy and Inquisition. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2011, p. 136.
[49] DEANE, Jennifer Kolpacoff. A History of Medieval Heresy and Inquisition. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2011, p. 139.
[50] MCGINN, Bernard. The Encyclopedia of Apocalypticism: Volume 2 – Apocalypticism in Western History and Culture. New York: The Continuum Publishing Company, 2000, p. 79.
[51] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 11. 2ª Ed., 2007, p. 672.
[52] STEIN, Stephen J. The Encyclopedia of Apocalypticism: Volume 3 – Apocalypticism in the Modern Period and the Contemporary Age. New York: The Continuum Publishing Company, 2000, p. 17.
[53] RIEDL, Matthias (org). A Companion to Joachim of Fiore. Leiden: E.L. Brill, 2018, p. 5-38.
[54] RIEDL, Matthias (org). A Companion to Joachim of Fiore. Leiden: E.L. Brill, 2018, p. 9.
[55] MCGINN, Bernard. The Encyclopedia of Apocalypticism: Volume 2 – Apocalypticism in Western History and Culture. New York: The Continuum Publishing Company, 2000, p. 79.
[56] MCGINN, Bernard. The Encyclopedia of Apocalypticism: Volume 2 – Apocalypticism in Western History and Culture. New York: The Continuum Publishing Company, 2000, p. 79, 80.
[57] AMES, Christine Caldwell. Righteous Persecution - Inquisition, Dominicans, and Christianity in the Middle Ages. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2009, p. 54.
[58] RIEDL, Matthias (org). A Companion to Joachim of Fiore. Leiden: E.L. Brill, 2018, p. 17.
[59]https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Liber_Figurarum_Libro_de_las_Figuras_Tabla_XIb_C%C3%B3dice_Reggiano(s.XIII)_Joaquin_de_Fiore(1135-1202).jpg
[60] FERGUSON, Everett. História da Igreja – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2017, p. 605.
[61] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 19. 2ª Ed., 2007, p. 495.
[62] COHEN, Shaye J. D. From the Maccabees to the Mishnah. Louisville: Westminster John Knox Press, 2006, 2ª Ed., p. 53.
[63] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 19. 2ª Ed., 2007, p. 495.
[64] TERCATIN, Rossella. La “Esquina del altar” en Shiloh entre los principales descubrimientos en Israel del 2019. Noticias de Israel/ The Jerusalem Post. Jerusalém, 1º de janeiro de 2020. Disponível em: < https://israelnoticias.com/arqueologia/esquina-altar-shiloh-descubrimientos-israel-2019/>. Acesso em: 05 de janeiro de 2020.
[65] BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2017, p. 2150.
[66] RODKINSON, Michael Levy. New Edition of The Babylonian Talmud, Book 3 (Volumes V and VI), Tract Yomah. Boston: The Talmud Society, 1918, p. 64. UNGER, Merril F. The New Unger’s Bible Dictionary.3. ed. Chicago: Moody Press, 2009, p. 1676.
[67] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo – Vol. 6. São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, p. 490.
[68] RODKINSON, Michael Levy. New Edition of The Babylonian Talmud, Book 3 (Volumes V and VI), Tract Yomah. Boston: The Talmud Society, 1918, p. 65.
[69] UNGER, Merril F. The New Unger’s Bible Dictionary.3. ed. Chicago: Moody Press, 2009, p. 1676.
[70] CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo – Vol. 6. São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, p. 490.
[71] BEALE, Gregory K. CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 1353.
[72] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 85.
[73] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 281 – 286.
[74] BLACK, Mathew. The Book of Enoch or I Enoch. Leiden: E. J. Brill, 1985, p. 49.
[75] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 83.
[76] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 84.
[77] DANBY, Herbert. The Mishnah – translated from the Hebrew with introduction and brief explanatory notes. New York: Oxford University Press, 1933, p. 585.
[78] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 85,86.
[79] DANBY, Herbert. The Mishnah – translated from the Hebrew with introduction and brief explanatory notes. New York: Oxford University Press, 1933, p. 587.
[80] DANBY, Herbert. The Mishnah – translated from the Hebrew with introduction and brief explanatory notes. New York: Oxford University Press, 1933, p. 585.
[81] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 84.
[82] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 86.
[83] OLIVEIRA, Wallace S. O Sermão Profético de Jesus – uma visão espírita do final dos tempos. 2ª ed. São Paulo: Amazon. Edição do Kindle, 2019.
[84] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 286.
[85] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 281 – 283.
[86] “Premonição — Rejubile-se com a responsabilidade de prever acontecimentos; todavia, busque sentir, pensar e realizar o melhor ao seu alcance, na movimentação de cada dia, para que a sua conversa não se transforme em trombeta de pessimismo e destruição.” (XAVIER, Francisco Cândido. Paz e Renovação. 10. ed. Araras: IDE, 2000, p. 49).
[87] “Várias vezes, antes do berço, visitou, em companhia de grandes instrutores, o local em que receberia a tarefa.
E vira, de perto, a enorme cidade em que lhe soaria a palavra como trombeta do Céu.” (XAVIER, Francisco Cândido. Contos desta e doutra vida. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006, p. 81).
[88] “Eis por que, personificando no discípulo do Evangelho a trombeta viva do Cristo, dele devemos esperar avisos seguros.” (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, Cap 124).
[89] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 85.
[90] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 281 – 280.
[91] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 85, 86.
[92] BEALE, Gregory K. CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.1353.
[93] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 432.
[94] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 432.
[95] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 283 - 285.
[96] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 279, 281.
[97] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 88.
[98] BEALE, Gregory K. CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014, p.1354.
[99] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 286, 288.
[100] OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica – uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 392.
[101] LUMPKIN, Joseph B. The Books of Enoch. Blountsville: Fifth Estate, 2010, p. 425. ODEBERG, Hugo. Enoch or The Hebrew Book of Enoch. London: Cambrigde University Press. 1928, p. 177.
[102] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 288.
[103] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed.  Brasília: FEB, 2013, p. 117.
[104] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 394.
[105] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 290.
[106] OSBORNE, Grant R. A Espiral Hermenêutica – uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 46.
[107] XAVIER, Francisco Cândido.No Mundo Maior. 40. ed. Brasília: FEB, 2013, Cap 2.
[108] COELI, Marius. As Quatro Babilônias. Visões profético-apocalípticas do mundo e sua história. 1. ed. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1939, p. 328.
[109] BEALE, Gregory K. CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 1335.
[110] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 292.
[111] CHAMPLIN, Russel Norman. Novo dicionário bíblico Champlin: ampliado e atualizado. São Paulo: Hagnos, 2018, p. 16.
[112] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 398.
[113] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 11. 2ª Ed., 2007, p. 374. RODKINSON, Michael Levy. New Edition of The Babylonian Talmud, Book 4, Tract Megillah. Boston: The Talmud Society, 1918, p. 55.
[114] RODKINSON, Michael Levy. New Edition of The Babylonian Talmud, Book 9 (Vols. XVII and XVIII), Tract Abuda Zara. Boston: The Talmud Society, 1918, p. 89.
[115] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 15. 2ª Ed., 2007, p. 359.
[116] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 21. 2ª Ed., 2007, p. 162.
[117] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires:Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 90.
[118] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 292.
[119] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 294.
[120] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 300.
[121] RODKINSON, Michael Levy. New Edition of The Babylonian Talmud, Book 9 (Vols. XVI. and XVIII), Tract Shebuoth. Boston: The Talmud Society, 1918, p. 55.
[122] XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. 38. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 201.
[123] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 293.
[124] SKOLNIK, Fred (Org.). Encyclopaedia Judaica. New York: Macmillan Reference USA, v. 18. 2ª Ed., 2007, p. 596.
[125] NEWTON, Isaac. Observações sobre as profecias de Daniel e o Apocalipse de São João. 1. ed. São Paulo:Ed. Edipo, 2000, p. 267.
[126] XAVIER, Francisco Cândido. Crônicas de Além-Túmulo.10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006, Cap 28.
[127] BEALE, Gregory K. CARSON, Donald A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 1356.
[128] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 303.
[129] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 303.
[130] DOUKHAN, Jacques B. Secretos Del Apocalipsis. El apocalipses visto a través de ojos hebreos.1. ed. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2002, p. 90.
[131] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 303.
[132] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 403,404. STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 304.
[133] WRIGHT, Christopher J. H. The Message of Ezekiel. Downers Grove: Inter-Varsity Press, 2001, p. 170.
[134] STEFANOVIC, Ranko. Revelation of Jesus Christ – Commentary on the Book of Revelation. 2. ed. Berrien Springs: Andrews University Press, 2009, p. 304.
[135] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 405.
[136] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 451.
[137] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 405.
[138] KOESTER, Craig R. Revelation - A New Translation with Introduction and Commentary. New Haven: Yale University Press, 2014, p. 451.
[139] OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2014, p. 405.


-- TEXTOS ANTERIORES

1.

https://www.saberespiritismo.com/2018/08/apocalipse-segundo-o-espiritismo-uma.html

2.

https://www.saberespiritismo.com/2019/05/o-objeto-do-apocalipse.html

3.
https://www.saberespiritismo.com/2019/08/apocalipse-presenca-de-deus-e-o-grande.html

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